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CONJUNTURA
Em setembro, produção industrial paulista subiu 2,1% em relação a agosto, depois de ter caído naquele mês
Indústria de SP tem maior alta desde abril
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O nível de atividade da indústria
de São Paulo cresceu 2,1% em setembro na comparação a agosto,
depois de ter caído naquele mês
em relação a julho. Mas, embora a
Fiesp (Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo) classifique o resultado como um "alento", que pode sinalizar tendência
para os próximos meses, decidiu
manter a previsão de que, no ano,
a atividade deve ficar estagnada
ou encolher 1%.
Segundo os dados do INA (Indicador de Nível de Atividade), a
alta registrada em setembro foi a
maior desde abril deste ano,
quando o nível de atividade crescera 9,12% sobre março. Desde
julho a taxa não ficava positiva
-naquele mês, a alta havia sido
de 0,54% em relação a junho. Em
agosto, o tombo foi de 3,02% no
confronto com julho. A expansão
de 2,1% em setembro já tem descontado o ajuste sazonal -ou seja, fatores que influenciam resultados de cada período.
A comparação interanual, entretanto, explicita o descompasso
da indústria paulista em 2002: o
nível de atividade em setembro
foi 1,6% menor que no mesmo
mês do ano passado. É um desempenho pífio se considerado
que a base de comparação era
muito baixa, uma vez que em setembro de 2001 a indústria sofria
os efeitos do apagão e a economia
mundial era sacudida pelos atentados terroristas nos EUA.
"É um sinal ainda precário [o
resultado positivo de setembro
sobre agosto]. Mas é um alento.
Mesmo sem incorporar a redução
das incertezas eleitorais, houve
uma luz verde que abre a perspectiva de que nos três últimos meses
do ano será reforçado esse quadro
de recuperação", disse Clarice
Messer, diretora do departamento de pesquisas da Fiesp.
Os dados do INA demonstram
que a melhora da atividade industrial em setembro deve-se aos setores ligados à exportação -favorecidos pela escalada do dólar- ou àqueles forçados à substituição de importações justamente pelo nível de câmbio proibitivo. Por outro lado, as empresas cuja produção é voltada para o
mercado interno seguiram golpeadas pelos efeitos da disparada
do dólar, da seca de crédito, da alta dos juros e da fraca demanda.
O setor de metalúrgica, no qual
são incorporados as indústrias de
siderurgia (tradicional exportador) e fundição, registrou em setembro alta de 6,1% no nível de
atividade em relação a setembro
do ano passado. Na comparação
com agosto, o desempenho foi
positivo em 4,1%. Outro setor
destacado por Messer é o de papel
e papelão: em setembro o nível de
atividade subiu 5,1% sobre o mesmo mês do ano passado.
Foram positivos ainda os resultados do setor químico (em grande parte por ter sido obrigado a
substituição de importações), que
teve variação positiva de 2% na
atividade em relação a agosto. E o
de alimentos, que cresceu 0,8% de
agosto para setembro.
No outro extremo, um dos setores mais afetados pela combinação demanda fraca, juros e escalada do dólar é o de material elétrico
e eletrônico: a queda em setembro
em relação a setembro de 2001 foi
de 21,1%. No ano, o resultado está
negativo em 20,7%.
"Por conta do câmbio flutuante,
setores que estão com bom desempenho dão cobertura aos que
estão mal. Se não houvesse câmbio flutuante, todo mundo estaria
em situação ruim. É o câmbio que
está por trás do sinal verde que vimos em setembro", disse Messer.
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