São Paulo, quinta-feira, 31 de outubro de 2002

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CONJUNTURA

Em setembro, produção industrial paulista subiu 2,1% em relação a agosto, depois de ter caído naquele mês

Indústria de SP tem maior alta desde abril

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O nível de atividade da indústria de São Paulo cresceu 2,1% em setembro na comparação a agosto, depois de ter caído naquele mês em relação a julho. Mas, embora a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) classifique o resultado como um "alento", que pode sinalizar tendência para os próximos meses, decidiu manter a previsão de que, no ano, a atividade deve ficar estagnada ou encolher 1%.
Segundo os dados do INA (Indicador de Nível de Atividade), a alta registrada em setembro foi a maior desde abril deste ano, quando o nível de atividade crescera 9,12% sobre março. Desde julho a taxa não ficava positiva -naquele mês, a alta havia sido de 0,54% em relação a junho. Em agosto, o tombo foi de 3,02% no confronto com julho. A expansão de 2,1% em setembro já tem descontado o ajuste sazonal -ou seja, fatores que influenciam resultados de cada período.
A comparação interanual, entretanto, explicita o descompasso da indústria paulista em 2002: o nível de atividade em setembro foi 1,6% menor que no mesmo mês do ano passado. É um desempenho pífio se considerado que a base de comparação era muito baixa, uma vez que em setembro de 2001 a indústria sofria os efeitos do apagão e a economia mundial era sacudida pelos atentados terroristas nos EUA.
"É um sinal ainda precário [o resultado positivo de setembro sobre agosto]. Mas é um alento. Mesmo sem incorporar a redução das incertezas eleitorais, houve uma luz verde que abre a perspectiva de que nos três últimos meses do ano será reforçado esse quadro de recuperação", disse Clarice Messer, diretora do departamento de pesquisas da Fiesp.
Os dados do INA demonstram que a melhora da atividade industrial em setembro deve-se aos setores ligados à exportação -favorecidos pela escalada do dólar- ou àqueles forçados à substituição de importações justamente pelo nível de câmbio proibitivo. Por outro lado, as empresas cuja produção é voltada para o mercado interno seguiram golpeadas pelos efeitos da disparada do dólar, da seca de crédito, da alta dos juros e da fraca demanda.
O setor de metalúrgica, no qual são incorporados as indústrias de siderurgia (tradicional exportador) e fundição, registrou em setembro alta de 6,1% no nível de atividade em relação a setembro do ano passado. Na comparação com agosto, o desempenho foi positivo em 4,1%. Outro setor destacado por Messer é o de papel e papelão: em setembro o nível de atividade subiu 5,1% sobre o mesmo mês do ano passado.
Foram positivos ainda os resultados do setor químico (em grande parte por ter sido obrigado a substituição de importações), que teve variação positiva de 2% na atividade em relação a agosto. E o de alimentos, que cresceu 0,8% de agosto para setembro.
No outro extremo, um dos setores mais afetados pela combinação demanda fraca, juros e escalada do dólar é o de material elétrico e eletrônico: a queda em setembro em relação a setembro de 2001 foi de 21,1%. No ano, o resultado está negativo em 20,7%.
"Por conta do câmbio flutuante, setores que estão com bom desempenho dão cobertura aos que estão mal. Se não houvesse câmbio flutuante, todo mundo estaria em situação ruim. É o câmbio que está por trás do sinal verde que vimos em setembro", disse Messer.


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