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INVESTIMENTOS
Liminar foi obtida por grupo de aplicadores
Justiça obriga Bank of America a mostrar dados a cotistas de fundo
ISABEL CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A corretora do Bank of America
tem até segunda-feira, dia 4 de
novembro, para apresentar aos
cotistas do fundo High Yield FIF a
composição de sua carteira e as
operações realizadas pelos seus
gestores em junho.
A informação é de Francisco da
Costa e Silva, advogado do escritório Bocater, Camargo e Costa e
Silva, que, em nome de um grupo
de cotistas desse fundo, obteve liminar determinando a abertura
dos dados.
Além da composição e das operações, os investidores também
deverão receber informações sobre como era realizado o gerenciamento de risco e liquidez do
High Yield em junho.
Ontem, os cotistas tentaram antecipar a abertura dos dados, mas
sem sucesso. Munidos de um alvará expedido pela 47ª Vara Cível
do Rio de Janeiro, advogados e especialistas em risco foram até a
corretora do Bank of America para examinar a documentação do
fundo High Yield. No entanto logo após chegarem à sede da corretora, no centro do Rio de Janeiro,
a 47ª Vara, a pedido do Bank of
America, reconsiderou o alvará,
suspendendo a abertura dos dados antes de 4 de novembro.
Procurada pela Folha, a direção
do Bank of America não quis se
pronunciar sobre o assunto.
Em junho deste ano, alguns fundos do Bank of America apresentaram perdas significativas. O
High Yield FIF teve prejuízo de
20,18%; o Dinâmico FIF, de
6,36%; o Moderado FIF, de 2,31%;
e o Arrojado FIF, de 24,15%.
Conforme comunicado divulgado pelo Bank of America no início deste mês, a fim de "evitar desgastes para seus clientes e preservar a relação construída com os
investidores ao longo dos anos", a
instituição decidiu compensar
parte dos prejuízos de alguns fundos. A proposta é compensar 40%
das perdas do High Yield, 30%
das do Dinâmico e 20% das do
Moderado. Os clientes tinham até
hoje para aderir à proposta, mas a
instituição prorrogou, na terça-feira, o prazo até 20 de novembro.
A maioria dos clientes de Costa
e Silva -cerca de 120 cotistas dos
fundos High Yield, Dinâmico e
Arrojado- não quer aderir ao
acordo ou tomar qualquer tipo de
decisão sem antes saber o que
aconteceu nas carteiras dos fundos em junho. Eles suspeitam de
que houve negligência e imprudência na gestão.
Segundo o advogado, o Bank of
America não respeitou os limites
de perdas estabelecidos nos regulamentos dos fundos.
No caso do High Yield, o limite
era de até 200% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário) ao
mês; no Dinâmico, de até 100% do
CDI ao mês. Em junho, o CDI variou 1,31%. No caso do Arrojado,
não havia limite de perda, mas,
diz Silva, não há justificativa para
o prejuízo de 24,15% em junho.
"Já notificamos o Bank of America, entramos com representações contra a instituição na Comissão de Valores Mobiliários e
na Associação Nacional dos Bancos de Investimentos, mas ela tem
se recusado a abrir as carteiras
dos fundos", diz Silva.
De acordo com comunicado do
Bank of America divulgado em
setembro, "o desempenho dos
fundos foi negativamente afetado
pela situação do mercado brasileiro em junho, com grande falta
de liquidez e crescimento da volatilidade".
Desde junho, recursos têm fugido dos fundos do Bank of America. Segundo dados do site Fortuna, entre 31 de maio e 25 deste
mês, o patrimônio dos seus fundos encolheu 35,6%, passando de
R$ 3,9 bilhões para R$ 2,51 bilhões. No ano, as saídas já somam
R$ 1,9 bilhão.
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