São Paulo, quinta-feira, 31 de outubro de 2002

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INVESTIMENTOS

Liminar foi obtida por grupo de aplicadores

Justiça obriga Bank of America a mostrar dados a cotistas de fundo

ISABEL CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A corretora do Bank of America tem até segunda-feira, dia 4 de novembro, para apresentar aos cotistas do fundo High Yield FIF a composição de sua carteira e as operações realizadas pelos seus gestores em junho.
A informação é de Francisco da Costa e Silva, advogado do escritório Bocater, Camargo e Costa e Silva, que, em nome de um grupo de cotistas desse fundo, obteve liminar determinando a abertura dos dados.
Além da composição e das operações, os investidores também deverão receber informações sobre como era realizado o gerenciamento de risco e liquidez do High Yield em junho.
Ontem, os cotistas tentaram antecipar a abertura dos dados, mas sem sucesso. Munidos de um alvará expedido pela 47ª Vara Cível do Rio de Janeiro, advogados e especialistas em risco foram até a corretora do Bank of America para examinar a documentação do fundo High Yield. No entanto logo após chegarem à sede da corretora, no centro do Rio de Janeiro, a 47ª Vara, a pedido do Bank of America, reconsiderou o alvará, suspendendo a abertura dos dados antes de 4 de novembro.
Procurada pela Folha, a direção do Bank of America não quis se pronunciar sobre o assunto.
Em junho deste ano, alguns fundos do Bank of America apresentaram perdas significativas. O High Yield FIF teve prejuízo de 20,18%; o Dinâmico FIF, de 6,36%; o Moderado FIF, de 2,31%; e o Arrojado FIF, de 24,15%.
Conforme comunicado divulgado pelo Bank of America no início deste mês, a fim de "evitar desgastes para seus clientes e preservar a relação construída com os investidores ao longo dos anos", a instituição decidiu compensar parte dos prejuízos de alguns fundos. A proposta é compensar 40% das perdas do High Yield, 30% das do Dinâmico e 20% das do Moderado. Os clientes tinham até hoje para aderir à proposta, mas a instituição prorrogou, na terça-feira, o prazo até 20 de novembro.
A maioria dos clientes de Costa e Silva -cerca de 120 cotistas dos fundos High Yield, Dinâmico e Arrojado- não quer aderir ao acordo ou tomar qualquer tipo de decisão sem antes saber o que aconteceu nas carteiras dos fundos em junho. Eles suspeitam de que houve negligência e imprudência na gestão.
Segundo o advogado, o Bank of America não respeitou os limites de perdas estabelecidos nos regulamentos dos fundos.
No caso do High Yield, o limite era de até 200% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário) ao mês; no Dinâmico, de até 100% do CDI ao mês. Em junho, o CDI variou 1,31%. No caso do Arrojado, não havia limite de perda, mas, diz Silva, não há justificativa para o prejuízo de 24,15% em junho.
"Já notificamos o Bank of America, entramos com representações contra a instituição na Comissão de Valores Mobiliários e na Associação Nacional dos Bancos de Investimentos, mas ela tem se recusado a abrir as carteiras dos fundos", diz Silva.
De acordo com comunicado do Bank of America divulgado em setembro, "o desempenho dos fundos foi negativamente afetado pela situação do mercado brasileiro em junho, com grande falta de liquidez e crescimento da volatilidade".
Desde junho, recursos têm fugido dos fundos do Bank of America. Segundo dados do site Fortuna, entre 31 de maio e 25 deste mês, o patrimônio dos seus fundos encolheu 35,6%, passando de R$ 3,9 bilhões para R$ 2,51 bilhões. No ano, as saídas já somam R$ 1,9 bilhão.


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