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Inflação e câmbio ainda são temas centrais de debate
DA REPORTAGEM LOCAL
A economia brasileira está
prestes a completar um
quarto de século de estagnação, e a falta de crescimento
preocupa a maioria dos economistas brasileiros. A
exemplo da dívida nos anos
80, e da inflação nos 90, a necessidade de voltar a crescer
tornou-se o centro das discussões nos últimos anos.
Mas, ao contrário das duas
décadas anteriores, os debates não parecem tão calorosos. Há quem alerte, como o
economista Marcos Fernandes, da FGV-SP, de que existe até um consenso perigoso
em torno da atual política
econômica.
Depois de superar as turbulência dos primeiros meses de governo, a equipe econômica passou a rezar a cartilha das "reformar microeconômicas". O argumento
era simples: com a macroeconomia resolvida, era hora
de cuidar de reformas para
garantir crescimento sustentável do lado real da economia: sistema judiciário eficaz, lei de falências mais moderna, sistema regulatório
adequado.
O problema: a maioria dos
economistas, apesar de não
discordar de que as reformas
microeconômicas sejam necessárias e ajudariam, diz
que há desafios a serem resolvidos do lado macro.
Ricardo Carneiro, da Unicamp, e Fernando Cardim,
da UFRJ, dizem, por exemplo, que a atual política de
metas de inflação não tem o
desenho adequado para garantir estabilidade e crescimento ao mesmo tempo.
Outro problema é que o
Brasil está sempre sujeito a
crises externas, e, portanto, a
oscilações no câmbio. Taxa
de câmbio maior significa
preços em alta no mercado
interno e, portanto, inflação.
Para conter a inflação, juros
altos e menos crescimento.
Resumindo: pagamos com
crescimento baixo a estabilidade, porque optou-se por
não controlar o câmbio. Sem
crescer, diz Cardim, não há
reforma microeconômica
que resolva. "A China não é
o que é por causa do sistema
judiciário deles, mas porque
os investidores fazem fila para investir numa economia
que cresce 9% ao ano."
Aloisio Araújo, da FGV-Rio, também avalia que há
fragilidades macroeconômicas, como a alta dívida interna. Ele diz, como Rogério
Werneck, da PUC-RJ, que o
país acaba pagando o preço,
no aperto monetário, pela
falta de uma política fiscal
que tivesse sinalizado, há
mais tempo, para uma queda sustentável da dívida.
Ambos, no entanto, tendem
a atribuir um papel mais importante para as reformas
microeconômicas.
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