|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Bebida substitui vinho em pub inglês para acompanhar prato
DO "INDEPENDENT"
É hora do almoço no White
Horse, em Parsons Green, zona
oeste de Londres, e os polidos freqüentadores dominicais atacam
seus filés servidos com polenta.
Nos copos de cristal alemão posicionados ao lado dos pratos, brilha um líquido encorpado que
combina perfeitamente com o sabor enevoado, crestado, da carne.
Os fregueses seguiram a recomendação do cardápio e optaram
por uma garrafa de Fuller's 1845,
uma cerveja de malte, de um tom
âmbar, produzida em Chiswick,
uma cidade vizinha. A bebida tem
teor alcoólico de 6,3%. A multidão de aparência satisfeita que lota o pub no almoço é parte do
crescente grupo de devotos da
boa comida que optam por cerveja, em lugar de vinho, como
acompanhamento das refeições.
Ao propor combinações sensatas entre pratos e a bebida, os
pubs e os fabricantes de cerveja
britânicos estão ajudando a aumentar o mercado de cervejas de
qualidade, que no ano passado registrou alta de 20% em suas vendas, maior em quase três vezes o
crescimento nas vendas de vinho.
Neil Dorber é gerente do pub
White Horse. Ele diz que acompanhar alimentos com cerveja é
uma idéia cuja hora enfim chegou, em meio ao florescimento da
cultura gastronômica britânica.
"No Reino Unido, discutimos
cervejas lager e bitter como se fossem os dois pólos do produto e
não existissem variantes entre
elas. Mas isso é tolice. Os sabores
não têm equivalente no mundo
do vinho, e funcionam espetacularmente bem com certas variedades de alimentos. Quando o vinho
é colocado na parada, não consegue competir."
Com zelo, a equipe do bar
orienta os clientes a escolher uma
cerveja que combine bem com
sua refeição. Cada consumidor
conquistado para a idéia é comemorado com um adesivo de garrafa de cerveja colado ao bar. São
centenas de casos de sucesso.
Uma rápida pesquisa no cardápio revela que existe uma cerveja
para quase todas as opções de comida concebíveis, do salmão defumado aos ovos mexidos experimente uma garrafa de 500 ml de
Schneider Weisse, cerveja de trigo
da Baviera, passando por um litro
de Harvey's Sussex Bitter como
acompanhamento ideal para o
bacalhau, temperado com cerveja
e frito em óleo de amendoim.
Cerveja e comida
Para cimentar esse desempenho
fenomenal, a "Campanha para a
Real Ale" (Camra) escolheu 2004
como ano oficial da união cerveja
e comida. Na opinião de Louise
Ashworth, gerente de marketing
do projeto, há uma surpreendente disposição de substituir a garrafa de vinho por uma garrafa de
cerveja à mesa. A campanha tem
73 mil membros, e a ela é atribuído o crédito de salvar os produtores independentes de cerveja, desde que foi criada, em 1971, para
combater o avanço da cerveja
"bitter" em barril.
Uma marca de seu sucesso é que
nos 50 anos anteriores à criação
da Camra, nenhuma cervejaria foi
criada no país. Hoje, existem mais
de 300 empresas novas no setor.
Ashworth diz que "a cerveja real
é uma resposta ao fenômeno da
clonagem sob o qual todos os
pubs se tornam parecidos e servem a mesma cerveja sem gosto.
É uma resposta das pessoas que
querem produtos regionais".
As grandes cervejarias demoraram a perceber o potencial de
promoção da cerveja como acompanhamento para a comida. Preferiram promover as lagers, mais
fáceis de produzir e dependentes
de técnicas de produção rápida.
Supermercados
Os supermercados vêm treinando funcionários para recomendar
cervejas que complementem as
compras dos clientes. Na rede
Tesco, a cerveja mais vendida é a
Greene King's Beer to Dine For,
que tipicamente acompanha alimentos apimentados e camarões.
Mas resta um longo caminho a
percorrer, admite Neil Dorber.
No momento, apenas 7% das cervejas vendidas podem ser descritas como "marcas de qualidade".
Fontes no setor de cervejas acreditam que o mercado de cerveja
em barril esteja sendo subestimado, em talvez até 17%.
Os fãs admitem que talvez demore até 15 anos para a cerveja
desafiar o vinho como bebida para acompanhar jantares.
Dorber acredita que os atrativos
da cerveja sejam claros. "O elemento comum é o fermento, e as
cervejarias vêm desenvolvendo a
técnica há séculos. Mas a melhor
coisa quanto à cerveja é que, por
ser mais fraca que o vinho, permite que o consumidor beba mais."
Tradução de Paulo Migliacci
Texto Anterior: Espuma rica: Artesanal segue "Lei de Pureza da Baviera" Próximo Texto: Telefonia: Teles querem nova lei para ligação via web Índice
|