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Perdigão compra Eleva por até R$ 1,7 bi
Negócio cria maior empresa brasileira de alimentos, à frente da Sadia e com valor de mercado de R$ 9,4 bi; Cade precisará aprovar
Companhia também
será líder na produção de frangos e a segunda
maior do setor de leites,
atrás apenas da Nestlé
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Perdigão anuncia hoje,
com a compra da Eleva, antiga
Avipal, a criação da maior empresa brasileira de alimentos. A
Perdigão pagará até R$ 1,7 bilhão pela empresa.
De acordo com o fato relevante distribuído na noite de
ontem, a Perdigão comprará
35,74% das ações de controle
da Eleva por R$ 598 milhões.
Também haverá troca de ações
entre as duas empresas, e a Eleva se tornará uma subsidiária
da Perdigão, que passará a deter 41,57% do capital votante.
Para financiar a compra dos
papéis da Eleva que serão pagos
em dinheiro, a Perdigão fará
uma oferta primária de ações,
já aprovada por seu conselho de
administração. O controlador
da Eleva é Shan Ban Chun, que
ocupa o cargo de presidente do
conselho e detém 61,54% dos
papéis da empresa.
Após o pagamento das ações
dos controladores, a Perdigão
fará uma oferta pública pelos
papéis dos acionistas minoritários da Eleva, pelo mesmo preço desembolsado para os majoritários, de R$ 25,81. Ontem, as
ações da Eleva fecharam em
queda de 0,04% na Bolsa, cotadas a R$ 22,99.
Segundo as empresas, a operação permitirá sinergias financeiras, operacionais e comerciais. Também gerará benefícios fiscais, gerados pela
amortização do ágio da aquisição. "As companhias têm similaridades de negócios, diluirão
custos fixos e ganharão escala",
afirmou o analista Renato Prado, do Banco Fator.
O negócio, entretanto, será
submetido ao Cade (Conselho
Administrativo de Defesa Econômica). Isso porque, com a
aquisição, será formada uma
empresa com valor de mercado
aproximado de R$ 9,4 bilhões.
Ontem, a Sadia, que até então
era a maior empresa de alimentos nacional, valia R$ 7,7 bilhões na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo).
Somados, os faturamentos de
Perdigão e Eleva atingiram R$
7,1 bilhões em 2006. Já a Sadia
teve receita de R$ 6,8 bilhões
no ano passado.
A empresa também nasce líder na produção de frangos e
torna-se a segunda maior do setor de leites, atrás apenas da
Nestlé. Em seu portfólio estão
as marcas Batavo, Elegê e Santa
Rosa, líder no mercado de queijos prato e mussarela.
A arrancada da Perdigão foi
uma resposta à Sadia, que, em
julho do ano passado, tentou
comprá-la por meio de uma
oferta hostil: ofereceu R$ 3,7
bilhões pelo controle, valor
35% superior ao que as ações da
Perdigão valiam em Bolsa.
Após a proposta recusada pelos fundos de pensão que a controlam, a Perdigão capitalizou-se com R$ 800 milhões e foi às
compras. Arrematou as fabricantes de lácteos Batávia e
Fruitier, a processadora de carnes holandesa Plusfood, o frigorífico Unifrigo e as margarinas da Unilever.
A perda da liderança incomodou a Sadia, dizem pessoas próximas à empresa. Na última divulgação do balanço, entretanto, a empresa procurou não demonstrar preocupação.
"A estratégia da Sadia não é
comprar faturamento", afirmou Gilberto Tomazoni, presidente da Sadia. "Isso não quer
dizer que não faremos aquisições: vamos fazê-las quando
elas tiverem a ver com nosso
negócio principal. Os ativos que
temos olhado estão muito valorizados."
A valorização é real. Se a Sadia fosse fazer uma oferta pela
Perdigão hoje, não desembolsaria menos de R$ 8 bilhões.
Segundo Tomazoni, a estratégia da Sadia é crescer por
meio de investimentos. Em
2008, as fábricas na Rússia, em
Pernambuco e em Mato Grosso
aumentarão as receitas da empresa em mais de R$ 1,5 bilhão.
O plano anunciado da Sadia é
dobrar de tamanho, beirando
os R$ 8 bilhões em cinco anos.
Aves
Com a Eleva, a Perdigão ultrapassa a concorrência na produção de aves. Segundo ranking da UBA (União Brasileira
de Avicultura), a Perdigão abateu, em 2006, 530 milhões de
aves. A Eleva, quinta maior do
setor, 174 milhões. Juntas, elas
produziram 704 milhões de
aves, 9% a mais do que a Sadia.
Com relação às exportações,
no entanto, a Perdigão continuará atrás da Sadia, já que o
volume em toneladas da Perdigão/Eleva vendido ao exterior,
em 2006, foi de 24% das exportações brasileiras de aves, enquanto os embarques da Sadia
representaram 26% do total.
Apesar de as duas produzirem mais de 25% dos 5,2 milhões de toneladas de frango
consumidas no país, pouco
mais de 1,5% leva a marca Perdigão, e 0,5%, a da Sadia. As empresas têm preferido vender
alimentos processados, mais
caros e menos perecíveis.
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