São Paulo, terça-feira, 31 de dezembro de 2002

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COMÉRCIO EXTERIOR

Disparada do dólar favorece exportações, que mostram alta de 3,3%, e sufoca importações, com recuo de 15,3%; saldo fica em US$ 13 bi

Balança brasileira registra maior saldo desde 1994

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A balança comercial brasileira acumulou um saldo de US$ 13,093 bilhões em 2002, o maior desde 1994. Os dados divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, referentes a transações até 29 de dezembro, mostram uma alta de 3,3% nas exportações e uma queda de 15,3% nas importações em relação ao mesmo período de 2001.
Em 1994, o saldo acumulado fora de US$ 10,466 bilhões, com importações somando US$ 33,079 bilhões e importações em US$ 43,545 bilhões. Depois seriam seis resultados negativos: entre 1995 e 2000, a balança fechou com déficit comercial (importou mais que exportou). O maior em 1997 quando o déficit bateu em US$ 6,750 bilhões -no chamado período do real forte, em que a cotação da moeda brasileira era praticamente a mesma do dólar, o que estimulava as importações. Novo superávit apenas em 2001, quando o saldo foi de US$ 2,651 bilhões.
Em 2002, as exportações chegaram a US$ 60,141 bilhões, recorde histórico. As importações ficaram em US$ 47,048 bilhões.
O saldo preliminar de 2002 supera a expectativa do Banco Central em cerca de US$ 500 milhões. No começo do ano, esperava-se um superávit menor ainda, de cerca de US$ 5 bilhões.
O resultado reflete a disparada da cotação do dólar. Com isso, há um desestímulo às importações porque os produtos estrangeiros ficam relativamente mais caros. Ao mesmo tempo, as exportações se tornam mais competitivas -os produtos brasileiros tornam-se mais baratos em dólares.
Para o ministro Sergio Amaral, além do fator dólar, o aumento das exportações também se deve ao crescimento da competitividade, aos novos investimentos e à conquista de novos mercados.
Quanto à queda das importações, Amaral avalia que está ocorrendo substituição de importações nas indústrias siderúrgica, têxtil, de calçados, de alimentos e de materiais de transporte. Com isso, a importação nesses setores não voltaria ao nível original com a queda do dólar.
"Se não houver mudanças substanciais das condições de exportação, podemos ter US$ 5 bilhões a mais no saldo comercial de 2003", disse, apontando um resultado de US$ 18 bilhões.
Segundo ele, essa estimativa teria sido atingida neste ano não fossem a crise argentina e a queda dos preços de produtos de exportação. O Brasil exportou US$ 2,3 bilhões para a Argentina -53% a menos que em 2001- e importou US$ 4,7 bilhões.
Os dez produtos brasileiros mais exportados, por valor, foram: minérios de ferro, soja em grão, aviões, farelo de soja, aparelhos transmissores e receptores (grupo no qual se enquadram os celulares), automóveis de passageiros, petróleo bruto, calçados, semimanufaturados em ferro e aço e motores para veículos.
Apesar das medidas de protecionismo dos Estados Unidos com relação ao aço, o valor das exportações de semimanufaturados e de laminados planos cresceu 30% e 35%, respectivamente, com relação a 2001. Além disso, a arrecadação com as vendas de petróleo bruto cresceu 135%.
O superávit da balança é importante para reduzir a vulnerabilidade externa do país, isto é, seu déficit com outras transações, como o pagamento de juros da dívida externa. Estima-se que o déficit em conta corrente para 2002 chegue a US$ 8,9 bilhões.


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