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COMÉRCIO EXTERIOR
Disparada do dólar favorece exportações, que mostram alta de 3,3%, e sufoca importações, com recuo de 15,3%; saldo fica em US$ 13 bi
Balança brasileira registra maior saldo desde 1994
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A balança comercial brasileira
acumulou um saldo de US$
13,093 bilhões em 2002, o maior
desde 1994. Os dados divulgados
ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, referentes a transações até 29 de dezembro, mostram uma alta de 3,3% nas exportações e uma queda de 15,3% nas
importações em relação ao mesmo período de 2001.
Em 1994, o saldo acumulado fora de US$ 10,466 bilhões, com importações somando US$ 33,079
bilhões e importações em US$
43,545 bilhões. Depois seriam seis
resultados negativos: entre 1995 e
2000, a balança fechou com déficit
comercial (importou mais que exportou). O maior em 1997 quando
o déficit bateu em US$ 6,750 bilhões -no chamado período do
real forte, em que a cotação da
moeda brasileira era praticamente a mesma do dólar, o que estimulava as importações. Novo superávit apenas em 2001, quando o
saldo foi de US$ 2,651 bilhões.
Em 2002, as exportações chegaram a US$ 60,141 bilhões, recorde
histórico. As importações ficaram
em US$ 47,048 bilhões.
O saldo preliminar de 2002 supera a expectativa do Banco Central em cerca de US$ 500 milhões.
No começo do ano, esperava-se
um superávit menor ainda, de
cerca de US$ 5 bilhões.
O resultado reflete a disparada
da cotação do dólar. Com isso, há
um desestímulo às importações
porque os produtos estrangeiros
ficam relativamente mais caros.
Ao mesmo tempo, as exportações
se tornam mais competitivas
-os produtos brasileiros tornam-se mais baratos em dólares.
Para o ministro Sergio Amaral,
além do fator dólar, o aumento
das exportações também se deve
ao crescimento da competitividade, aos novos investimentos e à
conquista de novos mercados.
Quanto à queda das importações, Amaral avalia que está ocorrendo substituição de importações nas indústrias siderúrgica,
têxtil, de calçados, de alimentos e
de materiais de transporte. Com
isso, a importação nesses setores
não voltaria ao nível original com
a queda do dólar.
"Se não houver mudanças substanciais das condições de exportação, podemos ter US$ 5 bilhões
a mais no saldo comercial de
2003", disse, apontando um resultado de US$ 18 bilhões.
Segundo ele, essa estimativa teria sido atingida neste ano não
fossem a crise argentina e a queda
dos preços de produtos de exportação. O Brasil exportou US$ 2,3
bilhões para a Argentina -53% a
menos que em 2001- e importou
US$ 4,7 bilhões.
Os dez produtos brasileiros
mais exportados, por valor, foram: minérios de ferro, soja em
grão, aviões, farelo de soja, aparelhos transmissores e receptores
(grupo no qual se enquadram os
celulares), automóveis de passageiros, petróleo bruto, calçados,
semimanufaturados em ferro e
aço e motores para veículos.
Apesar das medidas de protecionismo dos Estados Unidos
com relação ao aço, o valor das
exportações de semimanufaturados e de laminados planos cresceu 30% e 35%, respectivamente,
com relação a 2001. Além disso, a
arrecadação com as vendas de petróleo bruto cresceu 135%.
O superávit da balança é importante para reduzir a vulnerabilidade externa do país, isto é, seu
déficit com outras transações, como o pagamento de juros da dívida externa. Estima-se que o déficit
em conta corrente para 2002 chegue a US$ 8,9 bilhões.
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