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Em favela, clientes só obtêm financiamento se for em grupo
DA REPORTAGEM LOCAL
A reportagem da Folha
acompanhou o dia de um agente de microcrédito nas favelas
União Vila Nova e Pantanal, na
zona leste de São Paulo. A dificuldade é saber como a pessoa
vai investir o dinheiro e depois
como vai pagar, mesmo que tenha o nome sujo, não consiga
comprovar renda, tenha um
fiador ou bens para alienar.
Salvador José de Souza, 46,
dono de um bar em União Vila
Nova, renovou sozinho pela segunda vez o seu financiamento.
No passado, ele se associou a
cinco pessoas e tomou emprestado R$ 6.800. Os sócios não
pagaram e ele assumiu a dívida.
Hoje, conseguiu a confiança do
banco para tomar sozinho financiamento para adquirir
mantimentos e um freezer. "Eu
tirava R$ 600, R$ 700 por mês.
Aumentei para R$ 1.000."
José Domingos Ferreira pediu R$ 2.000 para investir na
loja de roupas que comprou para mulher, que deixou o emprego no final do ano. Como está
há apenas um mês no comércio, pode ter o pedido negado.
No microcrédito, os bancos pedem seis meses de experiência
do empreendedor. O objetivo é
evitar pessoas de fora do ramo.
Dona de uma mercearia, Célia Alves Sousa conseguiu renovar seu crédito. Ela tem outros
dois colegas -um dono de padaria e um vendedor de roupas- com quem pede empréstimos há quatro anos. "Trabalho de domingo a domingo, a
partir das 6h." Questionada sobre o faturamento, ela se atrapalha. "Não sei quanto ganho,
não faço as contas." Na parede,
uma placa resume o dia na favela: "Sem luta não há vitória".
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