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Forasteiro pode dar mais trabalho

Contratados fora da empresa apresentam desempenho inferior aos recrutados internamente

PHYLLIS KORKKI
DO “NEW YORK TIMES”

Como funcionário, talvez você sinta, a certa altura da carreira, que não estão lhe pagando o quanto vale. É possível tentar uma promoção e um aumento, mas suponha que isso não dê certo. Talvez você pense que é hora de tentar outra empresa.

Enquanto isso, os empregadores também podem sentir que seu quadro de talentos não é bom o bastante. Eles podem receber currículos interessantes de dentro da empresa, mas e se pudessem fazer melhor? Talvez devessem contratar um astro de fora.

Um estudo de Matthew Bidwell, professor de administração da Escola Wharton, da Universidade da Pensilvânia (EUA), descobriu que contratados externos ganham em média 18% a mais do que os profissionais da companhia que ocupam cargos semelhantes.

Eles, no entanto, têm desempenho inferior nos dois primeiros anos de trabalho e também maior probabilidade de sair ou de serem demitidos.

As conclusões podem provocar indignação entre funcionários preteridos para cargos em benefício de forasteiros.

As implicações são consideráveis em um momento em que as empresas aumentam os orçamentos para contratação e os trabalhadores pensam bastante em mudar de companhia.

Elas vêm em meio a uma tendência duradoura de mobilidade no emprego. A ideia de trabalhar para uma empresa por toda a vida parece totalmente ultrapassada.

A ascensão dos chamados trabalhadores do conhecimento levou ao mito do empregado portátil, diz Boris Groysberg, professor de administração da Universidade Harvard e autor de "Perseguindo Estrelas" (Ed. Evora).

Como o meio de produção desses trabalhadores é o cérebro, diz a lógica que eles manterão o mesmo nível de desempenho em uma nova empresa.

Para testar essa teoria, o professor Groysberg estudou alguns dos agentes livres mais ideais que pôde imaginar: analistas de Wall Street.

Em alguns casos, praticamente tudo o que eles tinham de fazer era esvaziar suas mesas e atravessar a rua para encontrar empregos similares.

Para a maioria dos analistas, o desempenho caiu significativamente no novo emprego. Eles perderam todo o conhecimento institucional que haviam adquirido na antiga firma e precisaram reconstruí-lo na nova, ele diz.

Depois de trabalhar em algum lugar por certo tempo, você desenvolve esferas de influência, afirma Beverly Kaye, fundadora e presidente da Career Systems International (consultoria), na Pensilvânia.

MISTURA CERTA

Você sabe quem são os agentes poderosos; o que pode ou não pode ser feito. Conhece os "botões de loucura" das pessoas e que os novos funcionários tendem a apertá-los sem querer.

As empresas constantemente subestimam quanto tempo leva para os novos contratados serem eficazes em um emprego, especialmente quando se trata de construir relacionamentos, observa o professor Bidwell. Novos empregos podem vir com uma curva de aprendizado substancial.

É claro que as contratações externas podem ser muito valiosas. Pessoas de fora podem trazer novas habilidades e ideias, assim como um saudável ceticismo sobre as práticas tradicionais.

Mas o professor Groysberg aponta que os empregadores precisam ser estratégicos sobre as contratações para que a organização tenha a mistura certa de antigos e novos funcionários.

Quanto aos profissionais, Kaye aconselha: "Não queira sair se o motivo for apenas financeiro". Esse é apenas um item para uma boa equação de emprego.

Tradução de LUIZ ROBERTO MENDES GONÇALVES

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