São Paulo, domingo, 01 de fevereiro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Dívidas, crítica dos chefes e falta de foco inviabilizam pós

Fernando Moraes/Folha Imagem
O gerente Miguel Mizoi, 39, criticou a grade curricular dos MBAs que cursou; ele sugere conversas com a coordenação em caso de insatisfação



Momento ideal para projeto depende dos planos e da vivência


FREE-LANCE PARA A FOLHA

Cursar uma pós-graduação é, para muita gente, uma estratégia para aumentar a renda ou sobreviver no competitivo mercado de trabalho. Mas, para muitos, o curso surte pouco ou nenhum efeito.
Ítalo Amauri Gallo, 44, ficou desempregado depois de fazer um MBA em gestão empresarial em 2000. "Por contingência do mercado, tive de regredir alguns degraus", conta. Mesmo assim, diz não se arrepender de ter feito o curso de pós-graduação: "O MBA agrega valor ao conhecimento".
Para Alexandre Takahashi, 29, nem isso o curso ofereceu. "[O MBA] não teve influência nenhuma, zero. Teria dado no mesmo se tivesse estudado em casa." Ele diz que os chefes criticavam sua necessidade de sair para as aulas.
Na hora de fazer uma especialização, o profissional deve analisar a relação custo-benefício. "O que você quer para a sua carreira daqui a dez anos? É isso que você tem de se perguntar", recomenda o consultor Denys Monteiro, da Fesa Global Recruiters.
"As pessoas pensam: "Tenho de ter um MBA". Mas isso não acrescenta nada ao profissional quando ele é influenciado por modismo", diz Mateus de Oliveira Silva, diretor e consultor da RH Plus.

Improvisos
"O jovem que faz um MBA muito cedo entra no mercado com um grande conhecimento teórico, mas com pouca maturidade", analisa Heitor Peixoto, diretor da Business School São Paulo.
Foi o caso do publicitário Alexandre Goldsmid, 25. "Quando comecei o MBA em marketing, não tinha experiência. Os casos estudados eram mera abstração."
Cursos recém-criados também são alvo de críticas. "Esperava mais. Por eu ter sido da primeira turma, o curso não estava bem formatado, teve improvisos, e alguns professores não eram bons. Fiquei frustrado", afirma o diretor de serviços Eduardo Lopes Mello, 40, que participou de um MBA específico para informática.
Com o mercado de trabalho cada vez mais exigente, é preciso escolher bem a pós e o momento certo para fazê-la. Na dúvida, reavalie a decisão. (MP E RAP)


Texto Anterior: Cerca de 70% das vagas vão para "indicados"
Próximo Texto: Currículo: "Lacônicos" são novo problema
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.