São Paulo, domingo, 01 de outubro de 2006

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"EU ME DEMITO"

Profissionais com mais tempo de casa são alvo

Para especialista, na prática, há pressão pela adesão ao programa

DA REPORTAGEM LOCAL

Muitas empresas têm o perfil prévio dos profissionais que esperam atingir com um PDV, de acordo com os especialistas. Um dos alvos são os profissionais mais velhos, que, em geral, têm mais tempo de casa e recebem salários mais altos.
"Oficialmente não há isso. O discurso é que se trata de uma oportunidade, mas há casos em que as pessoas são induzidas e chegam a ser pressionadas", afirma a doutoranda em RH pela FEA-USP (Faculdade de Economia Administração e Contabilidade) Elza Veloso.
O aposentado Artur Moreira Junior, 61, optou por sair em 1996 da Volkswagen, onde trabalhou por 30 anos, para aproveitar o benefício do programa. "A empresa mudou muito e achei melhor sair antes de ser mandado embora, pois, além de estar desatualizado com relação aos mais jovens, estava próximo da minha aposentadoria."
Apesar de acreditar que a decisão "valeu a pena financeiramente", o aposentado diz ter se arrependido por não ter conseguido recolocação no mercado. "Abri uma lanchonete, mas não deu certo", lamenta Junior.
Segundo a consultora da DBM Iaci Rios, muitas empresas usam o PDV para promover a renovação do quadro de funcionários. "Os empregados com mais tempo de casa podem tirar vantagem da situação e preparar-se para a pós-carreira."
No entanto, é importante que as empresas ofereçam algum apoio no processo de desligamento dos funcionários. "O trabalhador precisa entender que sentido tem a mudança na vida dele. Para isso, a empresa tem o dever de auxiliá-lo."
Professora da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica) por 22 anos, a fonoaudióloga Lilia Ancona Lopez, 60, se desligou da instituição no início do ano por meio de um PDV.
Ela afirma ter optado por se demitir para aproveitar as vantagens do programa e por achar que a universidade passava por um momento "complicado". "Tinha medo de ter de sair sem os benefícios concedidos. Havia, nos últimos tempos, uma competição desagradável entre os professores", justifica a fonoaudióloga, que aproveitou a situação para investir tempo e dinheiro em seu consultório.


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