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"EU ME DEMITO"
Profissionais com mais tempo de casa são alvo
Para especialista, na prática, há pressão pela adesão ao programa
DA REPORTAGEM LOCAL
Muitas empresas têm o perfil
prévio dos profissionais que esperam atingir com um PDV, de
acordo com os especialistas.
Um dos alvos são os profissionais mais velhos, que, em geral,
têm mais tempo de casa e recebem salários mais altos.
"Oficialmente não há isso. O
discurso é que se trata de uma
oportunidade, mas há casos em
que as pessoas são induzidas e
chegam a ser pressionadas",
afirma a doutoranda em RH pela FEA-USP (Faculdade de
Economia Administração e
Contabilidade) Elza Veloso.
O aposentado Artur Moreira
Junior, 61, optou por sair em
1996 da Volkswagen, onde trabalhou por 30 anos, para aproveitar o benefício do programa.
"A empresa mudou muito e
achei melhor sair antes de ser
mandado embora, pois, além de
estar desatualizado com relação aos mais jovens, estava próximo da minha aposentadoria."
Apesar de acreditar que a decisão "valeu a pena financeiramente", o aposentado diz ter se
arrependido por não ter conseguido recolocação no mercado.
"Abri uma lanchonete, mas não
deu certo", lamenta Junior.
Segundo a consultora da
DBM Iaci Rios, muitas empresas usam o PDV para promover
a renovação do quadro de funcionários. "Os empregados com
mais tempo de casa podem tirar vantagem da situação e preparar-se para a pós-carreira."
No entanto, é importante
que as empresas ofereçam algum apoio no processo de desligamento dos funcionários.
"O trabalhador precisa entender que sentido tem a mudança
na vida dele. Para isso, a empresa tem o dever de auxiliá-lo."
Professora da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica)
por 22 anos, a fonoaudióloga
Lilia Ancona Lopez, 60, se desligou da instituição no início do
ano por meio de um PDV.
Ela afirma ter optado por se
demitir para aproveitar as vantagens do programa e por achar
que a universidade passava por
um momento "complicado".
"Tinha medo de ter de sair sem
os benefícios concedidos. Havia, nos últimos tempos, uma
competição desagradável entre
os professores", justifica a fonoaudióloga, que aproveitou a
situação para investir tempo e
dinheiro em seu consultório.
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