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São Paulo, domingo, 02 de março de 2003

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UNIVERSIDADE LTDA.

Escolas dentro de empresas crescem 275%

Fernando Moraes/Folha Imagem
Alunos em aula da universidade do BankBoston


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A busca por profissionais mais bem qualificados visando superar a forte concorrência no mercado -e até suprir as carências trazidas da graduação universitária- tem levado as empresas a apelarem cada vez mais para as chamadas universidades corporativas.
Há dois anos, eram apenas 20 universidades de empresas no Brasil. Hoje, mesmo sem dados consolidados, pode-se fazer uma projeção de algo em torno de 75 companhias com esse tipo de curso funcionando ou em fase de implantação, segundo apontam estudos feitos pela FEA-USP (Faculdade de Administração, Economia e Contabilidade da Universidade de São Paulo). Isso significa um crescimento de 275%.
Trata-se de instituições criadas pelas próprias companhias, principalmente pelas chamadas líderes de mercado, com a meta de proporcionar uma formação complementar à graduação e de garantir ganho de produtividade em uma determinada área.
As universidades corporativas têm origem nos centros de treinamento, mas acabam se desenvolvendo para atender a uma necessidade maior das organizações.
Entre os exemplos de empresas que mantêm, há algum tempo, instituições próprias de ensino, estão o BankBoston, o Citibank, o McDonald's, a Honda, a Petrobras e a Caixa Econômica Federal.
Muitas delas realizam investimentos na casa dos milhões de reais para ter a sua própria universidade corporativa. O retorno, dizem, é o ganho de qualidade no trabalho dos funcionários.

Mais lucro
O projeto de universidade própria do BankBoston, por exemplo, vai completar quatro anos em abril. Com um orçamento de R$ 4 milhões, o empreendimento tem como objetivo se constituir em um centro de desenvolvimento profissional para 3.800 funcionários do banco norte-americano.
A meta das empresas ao investir grandes montantes é uma só: aumentar os seus resultados práticos por meio da maior capacitação dos seus profissionais. Isso porque descobriram, nos últimos anos, que uma formação ampla dos funcionários, agregada a um planejamento estratégico, pode proporcionar retorno de capital intelectual e ganhos no mercado.
As universidades corporativas surgem então como uma forma não apenas de atualizar os conhecimentos dos funcionários mas de criar um tipo de cultura específica para a sua área de atuação.
"O objetivo da universidade corporativa não é mais o de treinar um grupo de funcionários para uma determinada tarefa, mas o de assumir e direcionar todo o processo de educação como uma forma de aumentar o retorno em resultados para a empresa", define Liliane Veimert, 47, diretora de recursos humanos do BankBoston. Segundo ela, "o alvo é a educação de futuros gestores".
Outro propósito das universidades corporativas é garantir a disseminação da "cultura da empresa" entre os seus funcionários. Por meio do currículo adotado em cada instituição, podem ser estabelecidos os valores, prioridades e metas de desempenho que a empresa espera dos empregados.
(TIAGO ORNAGHI)


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