São Paulo, domingo, 02 de junho de 2002

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VAGAS INVISÍVEIS

Indicação é chave para boas oportunidades

BRUNA MARTINS FONTES

Fernando Moraes/Folha Imagem
Evany da Costa Gomes foi indicada para o cargo de diretora


FREE-LANCE PARA A FOLHA

Foi-se o tempo em que, para achar uma oferta de emprego atraente, tudo o que o profissional precisava fazer era enviar algumas cópias do currículo e aguardar o chamado da empresa.
Como as companhias procuram funcionários que se adaptem ao perfil das vagas, torna-se necessário diversificar estratégias para encontrar as oportunidades.
"Achar uma boa posição no mercado está cada vez mais na mão de quem a procura, porque o processo de recrutamento das empresas mudou", resume Olga Colpo, sócia da consultoria de organização e capital humano da PricewaterhouseCoopers.
Segundo o consultor Gutemberg B. de Macedo, 57, mais de 80% dos novos empregos disponíveis não são anunciados.
Isso porque muitas companhias recorrem ao banco de currículos e à indicação de funcionários e de "headhunters" (caçadores de talentos) para recrutar novos profissionais. "São práticas utilizadas especialmente em cargos de nível de média gerência para cima", diz Ricardo de Almeida Prado Xavier, 56, presidente da Manager.

Primeira opção
No Grupo Pão de Açúcar, a primeira fonte de busca de profissionais é o banco de dados de candidatos que se cadastram via internet, comenta Marília Parada, 42, gerente de planejamento e desenvolvimento de recursos humanos.
Ela afirma que 60% das vagas são preenchidas por recrutamento interno, que inclui a indicação de candidatos por funcionários. Em 2001, 1.200 indicações resultaram em 306 contratações em todos os níveis da companhia.
Esse cenário se torna mais comum nas empresas. De acordo com um levantamento de 2001 da Mariaca & Associates, em parceria com a Lee Hecht Harrison, 52% das vagas estão "escondidas", ou seja, não são ativamente divulgadas pelas empresas.
"Vale para todos os níveis e, às vezes, trata-se de uma demanda por profissionais que ainda não foi detectada pela companhia", diz Marcelo Mariaca, 57, sócio-diretor da Mariaca & Associates.
Para chegar a essas vagas, há dois meios, segundo especialistas. O mais "frio", indica Xavier, é enviar o currículo para empresas de recrutamento ou cadastrá-lo nos sites das empresas de interesse, sem se esquecer de atualizá-lo.
A desvantagem está no volume. O Pão de Açúcar contou, em 2001, com mais de 28 mil currículos e de 64 mil cadastros no site. Já o BankBoston recebe mais de 4.000 currículos por mês via internet.
Por isso os especialistas dizem que o modo mais "quente" para se aproximar das oportunidades é por meio de indicação de amigos, de ex-colegas e de "headhunters". "A maneira mais efetiva de se recolocar é utilizando a rede de contatos [ou network]", diz Colpo.
De acordo com Raquel Santana Schiavon Sanchez, 33, diretora da Talento, a indicação ganha a preferência das empresas porque, além de mais rápida e econômica, "torna mais fácil recrutar profissionais com as características subjetivas que elas valorizam".
"É mais válida para executivos e profissionais especializados. O nível operacional ainda centra sua procura em agências de emprego e em jornais", comenta Sanchez.

Gratificação
Algumas companhias adotam a indicação como política institucional. No BankBoston, se a dica de um funcionário gerar uma contratação, ele ganha um prêmio de cerca de R$ 3.000. "Já selecionamos 21 pessoas usando esse processo", afirma Liliane Veinert, 46, diretora de RH.
O consultor Marcelo Batista, 33, indicou uma ex-colega para um posto divulgado internamente pelo banco. "Sabia que era alguém responsável e competente."
Mas a indicada, Patrícia Mendonça, 30, que hoje é analista de sistemas do banco, pondera que a seleção não pára por aí. "A referência abre portas para a empresa, mas é preciso ter o perfil adequado e mostrar serviço."
Quando se trata de vagas confidenciais e estratégicas, a indicação ganha ares mais profissionais, e as empresas recorrem ao serviço de "headhunters", que são especializados em buscar no mercado candidatos ideais para as características do cargo em aberto.
"Em negócios e vendas, 80% dos executivos são selecionados por 'headhunters'", diz Veinert.


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