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São Paulo, domingo, 02 de novembro de 2003

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QUARTA LIÇÃO - FUTUROLOGIA

Previsões para próximos anos falam em maior personalização dos produtos

Sistema de produção em massa acabará

Fernando Moraes/Folha Imagem
Rosa Alegria diz que é importante "acender o farol de milha" em vez de só olhar competidores


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Dentro de algumas décadas, os consumidores poderão acionar remotamente linhas de produção industrial. Será possível, então, comandar as máquinas para que trabalhem com o tipo de material, cor e dimensões desejados para produzir um item único, personalizado. Será a era do "sob encomenda em larga escala".
O cenário é traçado pelo futurista Alvin Toffler, 75, em entrevista à Folha. "O consumidor poderá apertar um botão em São Paulo e, virtualmente, ativar uma linha de produção em Taiwan", ilustra. Progressivo aumento do grau de personificação do consumo será resultado, segundo avalia, do que chama de "processo de demassificação", que corre em sentido oposto à massificação.
A velha máxima da era industrial de que "um tamanho serve para todos" está caindo por terra, na avaliação do consultor. E as empresas deverão se preparar para essa mudança sob o risco de perda de competitividade.
Associada ao mercado do "sob encomenda em larga escala", está o crescente desenvolvimento da nanotecnologia, observa o diretor do MBA da Faap (Faculdade Armando Álvares Penteado), Tharcisio Bierrenbach, 56. A miniaturização de equipamentos, continua ele, também transformará a organização dos departamentos de logística das empresas.
Em curso desde os anos 60, a "demassificação" nasceu à época em que os computadores começaram a dividir espaço com os homens nas fábricas. Mesmo com a tecnologia cada vez ceifando mais postos de trabalho, Toffler não acredita na total eliminação dos homens das linhas de produção, mas em forte crescimento da automatização nas indústrias.

Trabalho em casa
E não é apenas no chão de fábrica que os avanços tecnológicos modificam a organização do trabalho nas empresas. Bierrenbach prevê que, no futuro, não serão poucos os executivos que trabalharão em suas próprias casas.
Outro tema a ser debatido é a possível "dessincronização" entre os departamentos em razão da aceleração das tarefas, proporcionada pela tecnologia. "Sincronizar as atividades em uma companhia é mais complexo do que os gestores pensam", pontua Toffler.
No Brasil, a futurologia, bastante criticada em rodas universitárias sob a argumentação de ausência de embasamento científico, já é praticada. A futurista Rosa Alegria, 46, montou em São Paulo consultoria que se dedica à análise de tendências. Já passaram por suas mãos organizações como a Electrolux e o Banco do Brasil.
A partir de um estudo interdisciplinar, ela auxilia gestores a se prepararem para o futuro. "Não faço previsões. Esse termo está associado à adivinhação. Procuro entender como as mudanças estão acontecendo", explica. (SBR)



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