São Paulo, domingo, 04 de junho de 2006

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COMEÇAR CEDO

Aos 23, iniciante é tido como velho

Antes de procurar emprego, candidato deve avaliar maturidade e necessidade financeira

MARIANA IWAKURA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Aos 23 anos, em média, o candidato ao primeiro emprego é considerado velho para ainda não ter nenhuma experiência no currículo. Segundo o Datafolha, essa é a idade máxima para encontrar um estágio ou um emprego. Para quem já parou de estudar, o limite é mais baixo: 22 anos, em média.
No comércio, entretanto, ser mais velho pode ser bom -sem experiência, uma pessoa de até 26 anos ainda está no páreo para conseguir a vaga. "Maturidade é importante no atendimento. Os mais velhos são mais práticos, vêem o que o cliente quer", afirma Anísia Sokei, gerente de RH da Camicado.
A idade do candidato ao primeiro emprego é considerada "muito importante" ou "importante" por 45% do total de empresas entrevistadas. Já 28% crêem que a idade é "pouco ou nada importante".
O momento ideal para começar envolve maturidade (para ter responsabilidade, horários e chefe), escolaridade e realidade socioeconômica. O grande desafio é respeitar a idade máxima citada pelas empresas sem prejudicar a qualidade da educação, outra exigência do mercado.
"Quem trabalha de dia e faz faculdade à noite rende menos do que quem só trabalha meio período", avalia Christina de Paula Leite, da Coordenadoria de Estágios e Colocação Profissional da FGV-Eaesp (Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas). Ela recomenda procurar trabalho a partir do quinto semestre da graduação.
Por outro lado, esperar demais pode ser ruim. "Não se pode pensar em atividade profissional só depois de formado. Se entrar "zerado" aos 26 anos, [o candidato] vai deparar com pessoas mais jovens, com maior desenvoltura, flexibilidade e traquejo", diz o consultor Paulo Kretly, presidente da FranklinCovey Brasil.
Segundo a publicação "Brasil, O Estado de Uma Nação", editada pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em 2005, entre os brasileiros que tinham 35 anos e estavam no mercado de trabalho em 2003, 70% começaram a trabalhar antes do 15 anos, 30%, na juventude e praticamente nenhum começou após os 24 anos de idade. O estudo conclui que novos trabalhadores de famílias mais pobres ingressam no mercado de trabalho muito precocemente.
"Começar muito cedo denota necessidade de complementar renda. Os ricos têm dinheiro garantido pela família e começam a trabalhar mais velhos. A conseqüência é que investem mais em escolaridade", diz Paulo Tafner, editor do livro.
"É melhor postergar o trabalho e desenvolver-se em área específica", aconselha a economista Paula Montagneri, coordenadora de pesquisa do Observatório do Mercado de Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego.


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