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São Paulo, domingo, 07 de dezembro de 2003

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Segundo o Ciee, país conta hoje com 500 mil estagiários

Para críticos, estágio é forma de "explorar" trabalho de estudantes

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Recrutamento de mão-de-obra barata ou complemento à capacitação técnica? Respostas antagônicas ecoam nas discussões sobre o papel do estágio, um ambiente em que as pesquisas escasseiam e as vagas se multiplicam.
Para dar uma idéia da escalada desse tipo de ocupação, basta dizer que nas décadas de 70 e 80 o Ciee (Centro de Integração Empresa Escola) ajudou 326 mil estudantes a conseguir estágio. Na década de 90, esse número saltou para 692 mil. E a marca deverá ser superada em breve, pois 649 mil vagas foram preenchidas do início de 2000 até março deste ano.
O presidente-executivo da entidade, Luiz Gonzaga Bertelli, estima que 500 mil jovens estejam estagiando hoje no Brasil. O dado é visto com bons olhos por uns, mas com preocupação por outros. "O estágio se tornou uma forma recorrente de precarização do trabalho. Há empresas que desenvolvem programas adequados, mas essa forma de contrato tem servido também para inserir mão-de-obra barata no mercado", critica Marcelo Campos, do Ministério do Trabalho.
"Como contratam tantos estagiários com o mercado tão contraído?", questiona o economista Roberto Macedo, autor do livro "Seu Diploma, Sua Prancha - Como Escolher a Profissão e Surfar no Mercado de Trabalho" (ed. Saraiva). "Está havendo substituição: usam estudantes para fazer trabalho de empregados, sem encargos e sem férias."
"Não adianta eleger o estágio como vilão do mundo do trabalho", retruca Bertelli, do Ciee. Ele admite que há abusos, mas os vê como exceção, não como regra. "Há empresas que usam estudantes para atividades sem relação com o curso ou em atividades para as quais não estão preparados. Quando verificamos que uma empresa não tem procedimento ético, não enviamos mais estagiários para ela", afirma.
Ele destaca ainda que, além da prática pedagógica e do treino para a vida social, a modalidade implica outras vantagens: "Mais de 60% dos jovens que fazem estágio no Brasil conseguem estudar graças às bolsas-auxílio. Milhares de jovens brasileiros estão ajudando pai e mãe na receita familiar. O estágio tira o jovem da droga, do ócio, da prostituição. É um benefício fantástico." (JG)


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