São Paulo, domingo, 08 de setembro de 2002

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SEM PALAVRAS

Empresas ainda são autoritárias, diz pesquisa

Fernando Moraes/Folha Imagem
Melissa Pereira da Silva, que conseguiu apoio da alta chefia para demitir seu superior imediato


FLÁVIA MARREIRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Pesquisa com gerentes de 500 empresas brasileiras conclui: a concentração do poder (a distância entre chefes e empregados) no Brasil é quase sete vezes a encontrada na Áustria.
"Se comparado a 30 anos atrás, esse nível de concentração de poder mudou pouco no Brasil. Só o discurso é diferente", diz a autora da pesquisa Estilo Brasileiro de Administrar, professora-doutora Betânia Tanure de Barros, da escola para executivos Fundação Dom Cabral (MG).
Essa diferença entre o discurso e a prática, explica Barros, é um dos principais problemas. "Os modelos de gestão são mais democráticos, mas as estruturas ainda são fortemente hierárquicas."
O índice da pesquisa que mede as relações de poder é o PDI (Power Distance Index), que varia de zero a cem -quanto mais perto de cem, maior é a concentração. O do Brasil é 76. O da Áustria, 11, e o dos Estados Unidos, 40 (veja quadro nesta página).
A comparação com empresas de outros lugares do mundo pode ser feita porque a pesquisa foi reproduzida com a mesma metodologia em outros países.
No Brasil, foram enviados 5.000 questionários para gerentes em 2001. Desses, foram respondidos 1.144, o que compôs um panorama estatisticamente válido, de acordo com Barros.
Cada resposta dos gerentes à pesquisa tem um valor específico, que é transformado, por uma metodologia própria, no PDI.

Além do cargo
Autoritarismo é definido pela pesquisadora como prática de ações que extrapolam o exercício da autoridade do cargo, como acontece com um chefe que não é aberto a sugestões.
Metade dos executivos que deixam o emprego o fazem por terem problemas com o superior imediato. O dado é do cadastro da consultoria KPMG.
Irene Azevedo, gerente sênior da área de recrutamento e seleção da empresa, diz que trocar de emprego deve ser a última saída.
O consultor de informática Denis Misumi, 23, foi demitido e acha que ganhou com isso, porque tem um bom relacionamento na nova empresa. Na avaliação dele, seu ex-chefe era muito competente, mas não sabia comandar a equipe. "Ele chamava a atenção para humilhar. Fui conversar, e ele não aceitou", justifica.



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