São Paulo, domingo, 10 de maio de 2009

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recursos humanos

Durante crise, circulação de informações é dever da firma

Equipes têm de conhecer o cenário, dizem empresas e especialistas

Rafael Hupsel/Folha Imagem
Eunice Rios, da Embraer, que diz ter intensificado comunicação

JORDANA VIOTTO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Desde setembro de 2008, com o agravamento da crise mundial, a Embraer diz ter intensificado seus processos de comunicação e posicionado os funcionários sobre o cenário e a situação da companhia.
Para a diretora de recursos humanos da empresa, Eunice Rios, o processo foi essencial para que o impacto das mais de 4.000 polêmicas demissões ocorridas no início de 2009 fosse menor para quem foi desligado e para quem ficou.
"A liderança da companhia foi orientada a se reunir individualmente com as pessoas que seriam desligadas, informando a decisão e explicando os motivos. Depois, houve encontros dos líderes com quem ficou na empresa, para expor a situação e ouvir dúvidas", diz Rios.
Na Ford, que lançou um programa de demissão voluntária em março deste ano, o processo foi similar. "Quando anunciamos o programa, os empregados já estavam cientes do cenário", afirma Gilson Filho, supervisor de treinamento e educação da montadora.
Especialistas em comunicação corporativa apregoam que, em situações de crise, as empresas devem tomar nas mãos a responsabilidade da circulação de informações.
"Elas devem ser gerenciadas em todo o seu fluxo pela direção da empresa", ensina Rose Naves, coordenadora do curso de pós-graduação em comunicação corporativa da Universidade Anhembi Morumbi.
Segundo Amauri Marchese, professor da pós-graduação em comunicação corporativa da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), o objetivo não é só evitar fofocas mas também conseguir aliados entre os funcionários.
Foi o que aconteceu na MWM, fabricante de motores que conseguiu adesão dos colaboradores à proposta de redução de jornada e salário.
O diretor de RH, Paulo Borba, atribui o fato ao investimento em comunicação interna nos últimos dez anos. "O sindicato é contra essas medidas, por princípio. Mas, com a pressão dos colaboradores no sentido de aceitar a proposta, conseguimos fechar o acordo em uma semana", relata.

"Manual"
Para Paulo Nassar, diretor-presidente da Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial), a crise não pode ser tratada pelo que ele chama de "atitude de manual", protocolar. "É uma surpresa tanto para quem está na administração como para quem é administrado", comenta. "O gestor deve assumir o diálogo."
A MWM estabeleceu a conversa sobre metas no início de cada turno como o momento para os líderes ouvirem dúvidas. "Uma vez por mês, recebemos a inscrição de 20 funcionários para que conversem com presidente e diretoria sobre o que quiserem em um café da manhã ou uma pizza, dependendo do turno", diz Borba.


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