São Paulo, Domingo, 11 de Abril de 1999
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Você entende de orquestra? Se não...
Sua carreira corre risco

LIGIA BRASLAUSKAS
da Reportagem Local

A aula inaugural do curso de MBA (pós-graduação em administração) da USP, em março, não tinha lousa nem professor, mas um regente com uma orquestra de 30 músicos.
O maestro pedia a eles que interpretassem uma mesma obra, mas como solistas, sem seguir as orientações do dirigente. O resultado: falta total de harmonia.
A idéia é mostrar para os executivos a importância de um trabalho eficiente em equipe, o que não é alcançado apenas com bons desempenhos individuais.
Esse tipo de aula alternativa está ganhando a adesão de empresas e escolas. São eventos como treinos de caratê para executivos, testes de sobrevivência na selva e até mesmo brincadeiras interativas que não dispensam o uso de fantasias, como turbantes.
A técnica está ganhando espaço, segundo especialistas, porque explora virtudes cada vez mais exigidas no mercado, mas nem sempre aperfeiçoadas nas faculdades, como equilíbrio emocional, capacidade de trabalhar em grupo e exercício de liderança.

Fellini
Na apresentação de seus músicos, Walter Lourenção, 69, maestro e coordenador da palestra "Sinfonia Empresarial", usa referências como o filme "Ensaio de Orquestra", do diretor italiano Federico Fellini (1920-1993), que mostra a dificuldade de uma orquestra para executar uma obra.
Tudo serve para representar o dia-a-dia nas empresas e alertar sobre o individualismo e a falta de habilidade para observar qualidades nos companheiros. Segundo Lourenção, a procura por esse método só tem crescido.
João Sérgio Tosta, 47, gerente de RH da Rhodia Farma, que contratou a palestra com músicos para seus funcionários, afirma que essas iniciativas aumentam o grau de relacionamento.
"Equipes independentes passam a confiar na atuação e na capacidade do outro", comenta.
Para ele, profissionais que não conseguem se adaptar às novas linhas de trabalho, como no relacionamento interpessoal e na liderança, terão muita dificuldade de deslanchar na carreira.
Nessas técnicas alternativas, também vale destacar: a meta não é formar músicos ou lutadores de caratê. "A idéia é fazer um curso interativo para que as informações possam ser "ancoradas" com mais facilidade", diz Alberto Couto, 49, da Eagle's Flight, especializada em treinamento por meio de jogos interativos.


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