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Você entende de orquestra? Se não...
Sua carreira corre risco
LIGIA BRASLAUSKAS
da Reportagem Local
A aula inaugural do curso de
MBA (pós-graduação em administração) da USP, em março,
não tinha lousa nem professor,
mas um regente com uma orquestra de 30 músicos.
O maestro pedia a eles que interpretassem uma mesma obra,
mas como solistas, sem seguir as
orientações do dirigente. O resultado: falta total de harmonia.
A idéia é mostrar para os executivos a importância de um trabalho eficiente em equipe, o que
não é alcançado apenas com
bons desempenhos individuais.
Esse tipo de aula alternativa está ganhando a adesão de empresas e escolas. São eventos como
treinos de caratê para executivos,
testes de sobrevivência na selva e
até mesmo brincadeiras interativas que não dispensam o uso de
fantasias, como turbantes.
A técnica está ganhando espaço, segundo especialistas, porque
explora virtudes cada vez mais
exigidas no mercado, mas nem
sempre aperfeiçoadas nas faculdades, como equilíbrio emocional, capacidade de trabalhar em
grupo e exercício de liderança.
Fellini
Na apresentação de seus músicos, Walter Lourenção, 69, maestro e coordenador da palestra
"Sinfonia Empresarial", usa referências como o filme "Ensaio de
Orquestra", do diretor italiano
Federico Fellini (1920-1993), que
mostra a dificuldade de uma orquestra para executar uma obra.
Tudo serve para representar o
dia-a-dia nas empresas e alertar
sobre o individualismo e a falta
de habilidade para observar qualidades nos companheiros. Segundo Lourenção, a procura por
esse método só tem crescido.
João Sérgio Tosta, 47, gerente
de RH da Rhodia Farma, que
contratou a palestra com músicos para seus funcionários, afirma que essas iniciativas aumentam o grau de relacionamento.
"Equipes independentes passam a confiar na atuação e na capacidade do outro", comenta.
Para ele, profissionais que não
conseguem se adaptar às novas
linhas de trabalho, como no relacionamento interpessoal e na liderança, terão muita dificuldade
de deslanchar na carreira.
Nessas técnicas alternativas,
também vale destacar: a meta
não é formar músicos ou lutadores de caratê. "A idéia é fazer um
curso interativo para que as informações possam ser "ancoradas" com mais facilidade", diz Alberto Couto, 49, da Eagle's Flight,
especializada em treinamento
por meio de jogos interativos.
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