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Rotina também é cruel para profissões cheias de glamour e com altos salários
LIGIA BRASLAUSKAS
da Reportagem Local
Fascina qualquer um a idéia de
trabalhar pouco e ganhar muito
-principalmente em uma profissão de dar inveja. Frases como
"Bom mesmo é ser jogador de futebol" e "Se pudesse, seria modelo" são comuns quando o assunto é
a carreira de quem está no auge.
Nesta edição, a Folha traz relatos
de profissionais que exercem atividades ditas glamourosas: comissário de cruzeiro marítimo, degustador de bebidas, fotógrafo de modelos, jogador de futebol, modelo,
piloto de Fórmula Indy e político.
O dia-a-dia dessas profissões revela uma certa distância da diversão e do glamour. "As pessoas
acham que o degustador passa o
dia todo bebendo cerveja. Isso
acontece só uma vez por semana",
diz Ricardo Pletikoszits Bastos, 31,
gerente de cerveja da Brahma.
Segundo ele, 90% do seu tempo é
gasto com trabalhos burocráticos e
apenas 5%, com degustação. Nas
11 horas que afirma trabalhar diariamente, ele faz contato com
clientes, acompanha a distribuição
do produto e gerencia pessoas.
Mas, afinal, quando ele degusta a
bebida? Uma vez por semana, diz.
E no máximo dez amostras de 20
ml a 30 ml (menos de uma lata de
cerveja). O salário? R$ 6.000.
Sem comida e banho
Chegar do trabalho sentindo tanto cansaço que não há forças sequer para jantar ou trocar de roupa
antes de dormir. Isso lembra a carreira de uma "top model"?
Sim, segundo a modelo profissional Alessandra Berriel, 27. Em
12 anos de carreira, ela ficou sem
comer e tomar banho várias vezes.
A jornada de trabalho de uma
modelo é tão exaustiva quanto a de
um executivo que trabalha 12 horas por dia. "A diferença é que trabalhamos por temporada, mas a
intensidade é a mesma", diz.
O salário é invejável. Alessandra
afirma que é difícil precisar um valor por mês, mas que a média anual
gira em torno de R$ 120 mil.
"Viajar constantemente, morar
com pessoas desconhecidas e
aguentar a cobrança de estilistas
em busca da perfeição não é fácil."
Antes de ser bonita, a modelo
tem de ser uma excelente vendedora: "Quando você entra na passarela, é como se estivesse colocando a
roupa na vitrine. Se não vender, é
porque foi mal exposta".
Alessandra explica que, quando
uma modelo é contratada para fazer uma temporada de desfiles,
tem de ter os mesmo cuidados de
aperfeiçoamento e qualidade que
envolvem outras profissões.
"É preciso ter muito jogo de cintura para desfilar com salto quebrado e andar como se estivesse
calçando um tênis confortável."
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