São Paulo, domingo, 14 de julho de 2002

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IMPULSO IDEAL

Criatividade rende premiação e economia

Fernando Moraes/Folha Imagem
Francisco Wolff foi contratado por ter feito um projeto considerado criativo


BRUNA MARTINS FONTES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Quanto vale uma boa idéia? A criatividade é um atributo difícil de ser mensurado, mas rende crescimento e visibilidade no mercado a quem a desenvolve, além de lucro às empresas.
"É um diferencial importante para reduzir custos, redesenhar processos ou gerar novos negócios", diz Fernanda Medeiros de Campos, 37, diretora de recrutamento da Mariaca & Associates.
Em algumas companhias, um corriqueiro "estalo" pode proporcionar um salário extra, uma viagem ou mesmo uma promoção.
A ABB (engenharia) premia sugestões dos funcionários com valores de R$ 20 a R$ 150, e, se o benefício for grande, a recompensa é decidida pela própria diretoria.
A iniciativa dá resultado. No ano passado, as 742 idéias que foram apresentadas se traduziram em R$ 1,1 milhão de economia nas fábricas de seus clientes e em R$ 140 mil para a companhia.
"O objetivo é sedimentar a cultura do aprimoramento contínuo, a motivação e o comprometimento com a empresa", diz Rodrigo Santos, 34, coordenador regional de qualidade da ABB.
Já na Volkswagen, quem sugere melhorias para seu posto de trabalho ou para a produção da companhia pode receber bônus de R$ 30 a R$ 150 mil. Desde que o programa foi implementado, no final do ano passado, a empresa contabiliza 1.100 idéias.

Exposição
"Não temos bíblias de administração", resume Domingos Valotta Filho, "controller" da Sensormatic do Brasil (segurança). "O mais importante é a disposição do funcionário em se expor e se comprometer com a empresa", diz.
Um ano depois de ter sido colocada em prática, a idéia que obteve os resultados esperados é premiada com um salário adicional.
Em 2001, essas sugestões ajudaram a companhia a economizar, por exemplo, R$ 28,5 mil em despesas de cartório e 20% no consumo de água. "O custo de implementação foi quase zero", afirma.
Do ponto de vista financeiro, as recompensas aos funcionários pelas boas idéias geralmente ficam muito aquém dos lucros que geram. O maior resultado vem mesmo quando os criativos passam a ser vistos com outros olhos.
Em tempos competitivos, ter criatividade torna-se trunfo para obter um diferencial no mercado. Significa ser uma combinação de curioso, bem informado, orientado para resultados, com boa visão de mercado e persistente, para saber como vender e implementar a sua idéia na empresa.
"Esses funcionários têm como crescer. É a chance de ver quem se destaca e sabe exercer liderança em conjunto", analisa Santos. Na opinião de Campos, "a criatividade precisa ser exercida especialmente por quem aspira a um papel de liderança na empresa".

Receptividade
Apesar de a maioria das empresas não adotar programas oficiais de incentivo a boas idéias, na opinião de Érica Consolini, 23, consultora de serviços especiais da Adecco Top Services, todas estão abertas a quem traz soluções e é receptivo a novas oportunidades.
Nesses casos, as chances de que uma sugestão inteligente beneficie a carreira dependem de um bom relacionamento com os superiores e de conseguir convencê-los a se envolver com o projeto.
"A visibilidade pode ser maior ou menor dependendo do perfil dos gestores. Bons líderes reconhecem as idéias, mas nem sempre elas são valorizadas", completa Valma Prioli, 38, consultora da Watson Wyatt do Brasil.
Para Thomas Case, do Grupo Catho, é mais difícil convencer os superiores a arriscar nos casos que envolvem mudanças nas estratégias das empresas. "São custosos. Os de implementação barata são aceitos mais facilmente."


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