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VIDA PROFISSIONAL
Médica atravessa cidade para fazer plantão em SP
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Quando a reportagem da Folha chegou ao pronto-socorro
Júlio Tupi, em Guaianases, a
clínica-geral Samira Chini já
caminhava rumo ao fim de seu
segundo plantão consecutivo
de 24 horas. Residente no
Brooklin, na região sul de São
Paulo, atravessa a cidade em
direção ao extremo leste para
trabalhar. São quatro hospitais
diferentes, fazendo plantões
sempre no mesmo esquema.
Cada médico atende cerca de
80 a cem pacientes por plantão,
e as horas dormidas não passam de quatro, espalhadas ao
longo do dia.
Agressões de pacientes são
comuns. "É preciso perceber
quando o paciente está realmente doente ou socialmente
insatisfeito por não ter dinheiro para comprar um remédio."
Certa vez, atendendo uma
criança que, vítima de atropelamento, foi escalpelada, a equipe começou a chorar. "Eu tive
de dizer: "cala a boca e engole o
choro, porque o pai está lá fora,
a mãe está gravida e teve descolamento de placenta. Se a gente
não trabalhar direito, morre todo mundo. Agora é o profissional e não o pessoal'".
Ter que dar notícias de morte
também não é nada fácil. "Às
vezes, me assusta ver que, em
alguns casos, as pessoas ainda
esperam receber a notícia de
que o paciente está vivo." Do
mesmo modo, também há surpresas. "Após uma massagem
cardíaca, o paciente pode ser
visto comendo um belo prato
de comida, sentado na maca."
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