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São Paulo, domingo, 15 de junho de 2003

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CONTRACHEQUE

Salários refletem a nova realidade

Com remuneração fixa em queda, cargos de liderança valem pelo que proporcionam como desafios e perspectiva de crescimento

Executivos são bem remunerados para que se preocupem exclusivamente com a empresa." A afirmação, que já era contestável, nem é mais tão segura. Por um lado, negocia-se a remuneração da chefia, sim, olho no olho, levando-se em conta mercado, nicho e importância do profissional, além de bonificações por resultados positivos.
Por outro, a cúpula convive com a corda bamba da remuneração variável em épocas de lucros reduzidos e a não-existência de reajustes por data-base, presente no mercado de trabalho tradicional.
"Observamos que a desvalorização salarial alcançou os cargos de direção", afirma Claudio Dedecca, 46, professor do Instituto de Economia da Unicamp. "A partir da segunda metade da década de 90, essas funções passaram a ficar sob ameaça do desemprego, o que provocou uma redução de salários em alguns níveis."
Comparando dados do IBGE obtidos pela Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 1995 e de 2001, Dedecca mostra que ocupações de planejamento e controle tiveram redução de 7%. Diretores de empresas públicas tiveram acréscimo de 2,6%, e os do setor privado, de 7,6%. A inflação no período foi de 72,8%.
Apesar de se dizerem felizes no trabalho, os executivos entrevistados na pesquisa Datafolha apontaram o salário como o maior porém: 30% estão insatisfeitos com a remuneração. Para 39%, ela está aquém das atividades exercidas.
Ainda que pareça estranha, essa situação pode ser proposital. "Difícil é encontrar alguém que esteja feliz com o próprio salário. É cruel, mas não estar satisfeito pode ser visto como positivo, porque esse profissional se motiva mais. Claro, se houver panorama de melhora", afirma Leonardo Fialho, consultor do HayGroup.

Poder de atração
Visão de futuro pesa porque o que atrai executivos não é a remuneração, pelo menos não diretamente. O comprometimento depende muito mais das perspectivas que eles têm. Se não percebem indícios de crescimento da companhia e de desafios a enfrentar, a motivação tende a se reduzir.
Pesquisa da Mercer de dezembro de 2002 aponta que, para diretores, o salário-base está em terceiro entre fatores de atração. Em primeiro estão os desafios, seguidos da imagem da companhia.
"A tendência é que as empresas ofereçam mais valores intrínsecos, como qualidade no trabalho, porque são os que promovem motivação interna e não geram custos", analisa Cyro Magalhães, diretor de prática de remuneração e performance da Mercer.
Com relação aos benefícios oferecidos, dados do HayGroup apontam crescimento entre as empresas que dão carro (3%) e previdência privada (12%) para presidentes. Distribuir passagens e/ou hospedagem nas férias caiu de 7% para 2% desde 2000. (PL)


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