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São Paulo, domingo, 15 de junho de 2003

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FORMAÇÃO

Desatualização ameaça líderes

Para executivos, maior risco à carreira é "ficar para trás" em sua área, porém apenas 30% já cursaram pós-graduação

Marcos Antonio de Barros, 44, hoje o CFO (Chief Financial Officer ou diretor financeiro) da Air Products no Brasil, empresa norte-americana do segmento de gases industriais, conta que deve o emprego atual, entre outros fatores, ao MBA (Master in Business Administration) pago pela empresa que o demitira quase três anos antes.
O caso comprova que o peso da atualização na carreira não é modismo do mercado de trabalho. Numa época em que o conhecimento assume lugar de destaque, interessar-se por formação traz resultados concretos. "Você tem de seguir as mudanças, sob o risco de não permanecer no mercado", afirma Paulo Kretly, gerente-geral da FranklinCovey, especializada no treinamento de executivos.
Os profissionais perceberam essa urgência. A pesquisa do Datafolha mostra que, para 24% dos entrevistados, a maior ameaça à carreira do executivo é a desatualização. Sem querer correr esse risco, 30% já voltaram às salas de aula para cursar pós-graduação -entre cargos de diretoria, esse número sobe para a metade.
Um outro detalhe do perfil acadêmico dos entrevistados: 87% graduaram-se no ensino privado. Considerando-se quem tem até 35 anos, o percentual vai para 99%. Mas a escolha da faculdade ou universidade não deixou de ser critério de desempate. "O mercado ainda dá preferência a candidatos vindos de faculdades de primeira linha", observa Aline Zimermann, consultora da Fesa.

Sintonia fina
Uma vez ciente de que as chances aumentam para quem se atualiza no ritmo ditado pelo mercado, o próximo passo é conseguir conciliar o mundo dos negócios com a necessidade de estar afinado com os estudos. "Muitos de nossos alunos adiam o curso por falta de tempo, mesmo quando pago pela companhia", afirma Lorena Bittar, diretora de marketing da BSP Business School.
"As empresas têm a atualização como um ideal e são sinceras nisso, mas não são todos os que dão conta da carga", completa Bittar.
Demitido da Cargill após 22 anos, Barros teve o MBA da Universidade de Pittsburgh (feito parte aqui e parte nos EUA) incluído no pacote de saída. Quatro meses depois, estava na Phillips.
Ele conta que deixou clara a necessidade de dedicar-se ao curso e admite: "Foram compreensivos e pagaram o preço do meu tempo de estudo". "Algumas empresas consideram o ato de pagar suficiente, mas não é verdade. Um curso sério suga o tempo do funcionário", afirma Barros, que cerca de um ano e meio depois trocou a Phillips pela Air Products.
Nem toda empresa banca MBA, assim como este não é o curso mais indicado para todo e qualquer líder, como observa Kretly. "Deve-se fazer um levantamento das competências que precisam ser desenvolvidas, como gerenciamento de tempo, gestão de pessoas, mudanças do Código Civil ou idiomas, para se decidir sobre o curso e planejar-se para ele."
Além disso, outro atributo cada vez mais valorizado numa economia globalizada, ter experiência no exterior, ainda deixa a desejar entre os executivos: 79% nunca estudaram fora e 81% nunca trabalharam em outros países. (PL)


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