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São Paulo, domingo, 15 de junho de 2003

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CLIMA

Capital humano ganha atenção

Bom ambiente incrementa em até 28% o lucro das companhias; honestidade é vista como a maior virtude dos líderes

Os executivos ainda cumprem longas jornadas e lidam com alta carga de estresse, mas há um compensador: o relacionamento com chefes, colegas e equipe, ao que tudo indica, vai muito bem, obrigado.
As companhias têm apostado no clima organizacional (conceito que envolve itens como confiança mútua, transparência, credibilidade, responsabilidade, qualidade de vida e no trabalho) depois que perceberam que ele pode gerar lucro. Uma análise do HayGroup, feita com empresas clientes de diferentes países, aponta que o impacto do clima sobre o lucro e as receitas é de 28%.
Do lado dos profissionais, 62% na pesquisa Datafolha avaliam como ótimo o relacionamento na empresa. As relações com o superior imediato não são muito diferentes: 63% qualificam-na como ótima e 64% dizem receber elogios ao menos de vez em quando.
"Há uma conjunção de fatores que afetam o clima: uma empresa alegre e que produz resultados tem de dar um bom exemplo de ética e transparência, porque os funcionários cobram isso", analisa Iêda Novais, sócia-diretora da Mariaca & Associates. "Por outro ângulo, aplicando normas de governança corporativa, ela consegue financiamentos de capital de giro a juros baixos", completa.
Governança corporativa, tema em alta entre as tendências de administração, visa ao acesso do capital por meio de um sistema que privilegia a transparência dos processos. Essa discussão sobre transparência e, mais exatamente, ética, surge na esteira de escândalos de grandes corporações norte-americanas envolvidas com fraudes, como a Enron (energia).
Pode ser sintomático que os executivos entrevistados pelo Datafolha apontem a honestidade como o seu principal atributo e também como a maior virtude do seu chefe. "Ética é a tentativa de organizar a convivência, e honestidade, o primeiro alicerce para construir uma convivência saudável", diz Jean Bartoli, professor de ética da BSP Business School.

Promoção na gravidez
A diretora de planejamento estratégico e inteligência de marketing da Avon, Márcia Sulman Gonsales, 36, pôde se valer do bom relacionamento cultivado no dia-a-dia em pelo menos duas situações que envolviam crescimento: uma, quando planejava engravidar, e outra, quando estava grávida do segundo filho.
"Fui promovida em ambos os casos. A empresa tem um forte vínculo afetivo com as pessoas."
Manter um clima de amizade facilita o convívio, mas, em alguns momentos, o isolamento se faz necessário, principalmente no caso dos principais executivos.
Maria Silvia Bastos Marques, 46, hoje tem uma consultoria de gestão, mas já passou por vários cargos de cúpula, o mais comentado deles como presidente da CSN, onde ficou por seis anos.
"Não tem jeito, quem decide, em alguns momentos, tem de ficar só mesmo. O erro é quando isso se torna algo permanente", diz.
"O líder pode se isolar por escolha. Mas sempre há como contar com conselheiros não oficiais", afirma Jean Marc Laouchez, gerente-geral da Axialent, consultoria especializada em aprimoramento de lideranças. (PL)


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