São Paulo, domingo, 15 de outubro de 2006

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saúde corporativa

Sobrecarga de trabalho prejudica a gestação

Redução do peso do bebê e parto prematuro são alguns dos riscos

DA REPORTAGEM LOCAL

Acostumada a lidar com pacientes grávidas que não mudam a rotina frenética de trabalho para não prejudicar a carreira, a médica Mariza Kumi Kataguiri quase foi vítima de sua própria dedicação.
Aos quatro meses de gestação, foi obrigada a diminuir o ritmo no consultório pela metade - caso contrário, colocaria em risco a vida de seu bebê. "Entrei em trabalho de parto prematuro e levei pontos no colo do útero", diz a ginecologista.
A ortodontista Ana Maria Lopes, 37, também teve de adotar uma nova rotina, especialmente depois de ter sangramentos durante a gravidez. Diminuiu a jornada de trabalho de 14 para 10 horas diárias.
"Tive que ficar uma semana em repouso e fiquei mais cansada do que se estivesse no consultório. Sou muito agitada."
A coordenadora do curso para gestantes do Hospital do Servidor Público, Marisa Klug, assinala que conciliar produtividade no trabalho e gravidez saudável é, atualmente, o grande dilema da mulher moderna. Um conflito que se agrava depois do nascimento do bebê.
"Elas esquecem que a maternidade não termina no parto. As mulheres que têm na carreira a grande preocupação de suas vidas freqüentemente não amamentam e "terceirizam" as crianças, deixando-as no berçário ou com uma babá durante oito, dez horas por dia."
A solução para esse impasse, segundo Klug, ainda não existe.
Alternativas
"O fato de estar grávida não alterou minha produtividade. Eu mesma me impus a obrigação de conseguir fazer tudo. Meu colegas tampouco foram mais solidários comigo por causa da gravidez", lembra a gerente de uma multinacional Marcela Monteiro de Carvalho, 36, que diz ter trabalhado até a véspera do nascimento do filho.
A rotina na empresa -que variava de 12 a 15 horas diárias-, contudo, rendeu-lhe estresse e fadiga, sintomas comuns às gestantes workaholic.
Segundo a médica Mariza Kumi Kataguiri, elas ainda correm o risco de ter anemia, varizes, pressão alta e taquicardia.
A saúde do bebê também fica comprometida. "A sobrecarga pode acarretar trabalho de parto prematuro e diminuição de peso do bebê", alerta Kataguiri.
Para amenizar os malefícios do estresse, a advogada Angélica Santos Torres, 29, grávida de cinco meses, adotou hidroginástica e drenagem linfática. "Como fico o tempo todo sentada, o médico me aconselhou a fazer caminhadas de cinco minutos a cada duas horas."
Já a secretária Daniela de Oliveira Giovanetti, 31, que está no oitavo mês de gestação, dá a sua receita de bem-estar: incluir mais frutas no cardápio e roupas confortáveis no guarda-roupa, além de trocar o salto alto pelo sapato de solado baixo.
(MARIA CAROLINA NOMURA)


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