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sua carreira
Falta de condições afasta profissionais da docência
Causas são baixos salários da rede pública e excesso de alunos por classe
TOMÁS CHIAVERINI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Os instrumentos de trabalho
variam de telas computadorizadas a lousas malcuidadas.
A jornada pode ser composta
de algumas horas semanais
diante de 20 alunos ou de 40
horas no comando de classes
apinhadas. O salário vai de R$ 5
a mais de R$ 40 a hora aula.
Esse panorama retrata a desigualdade de condições que
existe hoje entre os professores
do ensino fundamental (primeira a oitava séries). Nos primeiros, estão espelhados os
que atuam em escolas particulares; nos outros, em públicas.
Aos 23 anos, Guilherme Galuppo Borba já viveu nos dois
pólos. No segundo ano do curso
de geografia -concluído em
2005 na USP-, trabalhou como professor de reposição do
Estado. Recebia R$ 5,50 cada
vez que o titular faltava.
Depois de passar por um intercâmbio de um ano no Canadá, voltou ao Brasil e foi admitido em uma escola bilíngüe.
"Quando me chamaram, achei
que era para ser assistente educacional, mas assumi todas as
aulas do professor de geografia
que estava saindo."
Atualmente, no comando de
classes com cerca de 20 alunos,
ele ganha mais de R$ 4.000 por
16 horas semanais.
Já Verney Junio Machado,
26, fez o percurso inverso. Formando em pedagogia pela Unicastelo e cursando filosofia na
Unifai, começou lecionando
em colégio particular para
crianças de até sete anos. Hoje,
trabalha em escola estadual.
Somados os benefícios, ganha
R$ 1.300 por 30 aulas semanais
em classes com até 45 alunos.
Público X privado
Segundo o presidente da
Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), Carlos Ramiro de Castro, a má remuneração e a falta de condições básicas de trabalho não estão restritas a professores do ensino
público estadual ou municipal.
As dificuldades enfrentadas
pelos professores, declara Castro, fazem com que muitos deles migrem para outras áreas
de atuação profissional.
Segundo ele, se a situação
não for revista, a educação básica enfrentará uma crise de falta
de mão-de-obra em dez anos.
Esse movimento de escassez
já pode ser observado. O número de professores do ensino
fundamental cresceu 6,5% entre 1999 e 2002. O índice foi de
3,38% entre 2002 e 2005, segundo o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira).
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