São Paulo, domingo, 15 de outubro de 2006

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sua carreira

Falta de condições afasta profissionais da docência

Causas são baixos salários da rede pública e excesso de alunos por classe

TOMÁS CHIAVERINI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os instrumentos de trabalho variam de telas computadorizadas a lousas malcuidadas. A jornada pode ser composta de algumas horas semanais diante de 20 alunos ou de 40 horas no comando de classes apinhadas. O salário vai de R$ 5 a mais de R$ 40 a hora aula.
Esse panorama retrata a desigualdade de condições que existe hoje entre os professores do ensino fundamental (primeira a oitava séries). Nos primeiros, estão espelhados os que atuam em escolas particulares; nos outros, em públicas.
Aos 23 anos, Guilherme Galuppo Borba já viveu nos dois pólos. No segundo ano do curso de geografia -concluído em 2005 na USP-, trabalhou como professor de reposição do Estado. Recebia R$ 5,50 cada vez que o titular faltava.
Depois de passar por um intercâmbio de um ano no Canadá, voltou ao Brasil e foi admitido em uma escola bilíngüe. "Quando me chamaram, achei que era para ser assistente educacional, mas assumi todas as aulas do professor de geografia que estava saindo."
Atualmente, no comando de classes com cerca de 20 alunos, ele ganha mais de R$ 4.000 por 16 horas semanais.
Já Verney Junio Machado, 26, fez o percurso inverso. Formando em pedagogia pela Unicastelo e cursando filosofia na Unifai, começou lecionando em colégio particular para crianças de até sete anos. Hoje, trabalha em escola estadual. Somados os benefícios, ganha R$ 1.300 por 30 aulas semanais em classes com até 45 alunos.

Público X privado
Segundo o presidente da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), Carlos Ramiro de Castro, a má remuneração e a falta de condições básicas de trabalho não estão restritas a professores do ensino público estadual ou municipal.
As dificuldades enfrentadas pelos professores, declara Castro, fazem com que muitos deles migrem para outras áreas de atuação profissional.
Segundo ele, se a situação não for revista, a educação básica enfrentará uma crise de falta de mão-de-obra em dez anos.
Esse movimento de escassez já pode ser observado. O número de professores do ensino fundamental cresceu 6,5% entre 1999 e 2002. O índice foi de 3,38% entre 2002 e 2005, segundo o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira).


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