São Paulo, domingo, 17 de setembro de 2006

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Juliana Moraes/Folha Imagem
Número de mulheres trabalhando fora do país é cada vez maior


EXPANSÃO DE FRONTEIRAS

Número de mulheres expatriadas cresce 357% em cinco anos

Proporção em relação aos homens, contudo, ainda é inexpressiva; barreira cultural é um dos motivos

RAQUEL BOCATO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando a diretora de desenvolvimento executivo da Bosch, Arlene Domingues, 42, foi consultada pela empresa sobre uma mudança de São Paulo para o Paraná, seu marido, o designer Joaquim Domingues, desabafou: "Ainda bem que a mudança é para o Brasil".
Quinze dias depois de ter declinado a proposta, porém, a executiva foi convidada a assumir a diretoria de RH da matriz, na Alemanha, por três anos.
"A decisão não foi unilateral", diz ela, sobre a ida com o marido e o filho de três anos para a cidade de Vaihingen Enz.
Arlene é uma das profissionais que estão delineando o novo quadro de expatriados -em que as mulheres têm conquistado cada vez mais espaço. É o que mostra uma pesquisa mundial feita pela consultoria Mercer com 104 companhias. Entre 2001 e 2006, o número de mulheres enviadas para fora pelas empresas cresceu 357%.
Os contornos da expatriação, no entanto, ainda são masculinos. Segundo a professora Betania Tanure, da Fundação Dom Cabral, as mulheres representam 10% dos profissionais expatriados pelas firmas.
Tanure enumera dois motivos para a reduzida presença delas nesses programas corporativos. "Elas ainda são minoria nos cargos mais altos das empresas", pondera. E acrescenta: "Há, ainda, um fator cultural. É mais fácil a mulher acompanhar o homem em uma expatriação do que o contrário".
A professora da FGV-SP (Fundação Getulio Vargas) Maria Ester Freitas elenca mais uma razão. "É preciso mostrar que há interesse pelo cargo internacional. Muitas receiam ser preteridas", assinala.
A gerente da Monsanto Silvana Regitano, 39, sempre deixou claro seu desejo de trabalhar em outro país. Por isso não recusou um convite para gerenciar uma fábrica no México.
Foi com o marido, que pediu demissão para acompanhá-la. Promovida, hoje comanda uma fábrica com 170 profissionais. "Era o sonho da minha vida."
A chefe de controle de qualidade da Boehringer Ingelheim, Laura Murray, também credita à sua proatividade as oportunidades que teve no exterior.
"A viagem foi o que alavancou a minha carreira", diz ela, que permaneceu seis meses nos EUA para implantar novos processos de qualidade.
"Essa viagem "me abriu a cabeça". Depois dela, fui convidada a dar palestras e recebi várias propostas de trabalho."


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