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Juliana Moraes/Folha Imagem
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Número de mulheres trabalhando fora do país é cada vez maior |
EXPANSÃO DE FRONTEIRAS
Número de mulheres expatriadas cresce 357% em cinco anos
Proporção em relação aos homens, contudo, ainda é inexpressiva; barreira cultural é um dos motivos
RAQUEL BOCATO
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando a diretora de desenvolvimento executivo da
Bosch, Arlene Domingues, 42,
foi consultada pela empresa sobre uma mudança de São Paulo
para o Paraná, seu marido, o
designer Joaquim Domingues,
desabafou: "Ainda bem que a
mudança é para o Brasil".
Quinze dias depois de ter declinado a proposta, porém, a
executiva foi convidada a assumir a diretoria de RH da matriz,
na Alemanha, por três anos.
"A decisão não foi unilateral", diz ela, sobre a ida com o
marido e o filho de três anos para a cidade de Vaihingen Enz.
Arlene é uma das profissionais que estão delineando o novo quadro de expatriados -em que as mulheres têm conquistado cada vez mais espaço. É o
que mostra uma pesquisa mundial feita pela consultoria Mercer com 104 companhias. Entre
2001 e 2006, o número de mulheres enviadas para fora pelas
empresas cresceu 357%.
Os contornos da expatriação,
no entanto, ainda são masculinos. Segundo a professora Betania Tanure, da Fundação
Dom Cabral, as mulheres representam 10% dos profissionais expatriados pelas firmas.
Tanure enumera dois motivos para a reduzida presença
delas nesses programas corporativos. "Elas ainda são minoria
nos cargos mais altos das empresas", pondera. E acrescenta:
"Há, ainda, um fator cultural.
É mais fácil a mulher acompanhar o homem em uma expatriação do que o contrário".
A professora da FGV-SP
(Fundação Getulio Vargas)
Maria Ester Freitas elenca
mais uma razão. "É preciso
mostrar que há interesse pelo
cargo internacional. Muitas receiam ser preteridas", assinala.
A gerente da Monsanto Silvana Regitano, 39, sempre deixou
claro seu desejo de trabalhar
em outro país. Por isso não recusou um convite para gerenciar uma fábrica no México.
Foi com o marido, que pediu
demissão para acompanhá-la.
Promovida, hoje comanda uma
fábrica com 170 profissionais.
"Era o sonho da minha vida."
A chefe de controle de qualidade da Boehringer Ingelheim,
Laura Murray, também credita
à sua proatividade as oportunidades que teve no exterior.
"A viagem foi o que alavancou a minha carreira", diz ela,
que permaneceu seis meses
nos EUA para implantar novos
processos de qualidade.
"Essa viagem "me abriu a cabeça". Depois dela, fui convidada a dar palestras e recebi várias propostas de trabalho."
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