São Paulo, domingo, 17 de setembro de 2006

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EXPANSÃO DE FRONTEIRAS

Um terço das firmas expatria mulheres sem o companheiro

Para homens, esse índice é de 7%; executivas relatam que o apoio da família é fundamental na adaptação

DA REPORTAGEM LOCAL

Convidada a ficar três meses no Japão, Elaine Bassaco, 36, aceitou a proposta. "Era por pouco tempo, e meu marido ficou no Brasil", lembra ela, que estava casada havia um ano.
No início, diz ela, sentiu-se muito sozinha. Mas se adaptou a Tóquio e foi convidada a permanecer naquele país.
O período estendeu-se por um ano e oito meses. Quando voltou ao Brasil, foi promovida a gerente-geral -a primeira executiva mundial da firma.
O apoio do marido, segundo Bassaco, foi fundamental. "A empresa me ofereceu a oportunidade de levá-lo, mas ele não podia abandonar os negócios."
Numericamente, as mulheres perdem também quando o tema são os companheiros. Pesquisa da consultoria Mercer mostra que 33% das companhias as expatriam sem o cônjuge. Os homens que vão sem a família somam apenas 7%.
"As políticas de expatriação, que tinham o foco no homem, devem mudar nos próximos anos", indica a coordenadora da Mercer Denise Perassoli.
Enquanto o panorama não muda, executivas enfrentam desafios como os vivenciados por Vanessa Dezotti, que teve de adiar a data de seu casamento para trabalhar no México por seis meses. Logo no regresso, foi enviada para os EUA.
"Acertei detalhes da cerimônia por telefone. O vestido, quase pronto, teve de ser ajustado porque emagreci 10 kg", diz. Contudo, ela diz não se arrepender de suas idas e vindas. "Amadureci muito nessa hora."
O marido, que, a princípio, mostrou-se resistente às viagens, conheceu o outro lado: nos nove meses de gravidez da mulher, permaneceu na Argentina como expatriado.

Em família
"Ao contrário do que se pensa, é vantajoso para a empresa mandar o funcionário com a família", avalia Irene Kazumi Miura, professora da FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade) do campus de Ribeirão Preto. "Profissionais acompanhados têm suporte emocional maior."
A gerente da Natura Letícia Rodrigues, 35, concorda. Casou-se pouco antes de embarcar para o Peru, em 1999. "Talvez não fosse sem meu marido. Afetaria minha estabilidade."
Caso parecido ao vivido pela executiva Raquel Borges. Em 2005, foi para os EUA. O marido pediu demissão e a seguiu.
"Os três primeiros meses são complicados, mas a adaptação não é difícil", conta Borges. (RB)


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