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EXPANSÃO DE FRONTEIRAS
Um terço das firmas expatria mulheres sem o companheiro
Para homens, esse índice é de 7%; executivas relatam que o apoio da família é fundamental na adaptação
DA REPORTAGEM LOCAL
Convidada a ficar três meses
no Japão, Elaine Bassaco, 36,
aceitou a proposta. "Era por
pouco tempo, e meu marido ficou no Brasil", lembra ela, que
estava casada havia um ano.
No início, diz ela, sentiu-se
muito sozinha. Mas se adaptou
a Tóquio e foi convidada a permanecer naquele país.
O período estendeu-se por
um ano e oito meses. Quando
voltou ao Brasil, foi promovida
a gerente-geral -a primeira
executiva mundial da firma.
O apoio do marido, segundo
Bassaco, foi fundamental. "A
empresa me ofereceu a oportunidade de levá-lo, mas ele não
podia abandonar os negócios."
Numericamente, as mulheres perdem também quando o
tema são os companheiros.
Pesquisa da consultoria Mercer mostra que 33% das companhias as expatriam sem o cônjuge. Os homens que vão sem a
família somam apenas 7%.
"As políticas de expatriação,
que tinham o foco no homem,
devem mudar nos próximos
anos", indica a coordenadora
da Mercer Denise Perassoli.
Enquanto o panorama não
muda, executivas enfrentam
desafios como os vivenciados
por Vanessa Dezotti, que teve
de adiar a data de seu casamento para trabalhar no México
por seis meses. Logo no regresso, foi enviada para os EUA.
"Acertei detalhes da cerimônia por telefone. O vestido, quase pronto, teve de ser ajustado
porque emagreci 10 kg", diz.
Contudo, ela diz não se arrepender de suas idas e vindas.
"Amadureci muito nessa hora."
O marido, que, a princípio,
mostrou-se resistente às viagens, conheceu o outro lado:
nos nove meses de gravidez
da mulher, permaneceu na
Argentina como expatriado.
Em família
"Ao contrário do que se pensa, é vantajoso para a empresa
mandar o funcionário com a família", avalia Irene Kazumi
Miura, professora da FEA-USP
(Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade)
do campus de Ribeirão Preto.
"Profissionais acompanhados
têm suporte emocional maior."
A gerente da Natura Letícia
Rodrigues, 35, concorda. Casou-se pouco antes de embarcar para o Peru, em 1999. "Talvez não fosse sem meu marido.
Afetaria minha estabilidade."
Caso parecido ao vivido pela
executiva Raquel Borges. Em
2005, foi para os EUA. O marido pediu demissão e a seguiu.
"Os três primeiros meses são
complicados, mas a adaptação
não é difícil", conta Borges.
(RB)
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