São Paulo, domingo, 17 de outubro de 2004

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PÓS & MBA

Curso no exterior abre portas, mas temporada é um risco para executivos em ascensão

Viagem de estudos favorece os mais jovens

FREE-LANCE PARA A FOLHA

"Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá", escrevia Gonçalves Dias, numa época em que MBA nem existia e em que as escassas oportunidades de formação acadêmica no território nacional praticamente condenavam o estudante ao "exílio".
Mas, se ainda podem se queixar de nostalgia, os brasileiros que saem do país para estudar não o fazem por falta de opções. Quem migra para se dedicar ao "master" em administração no exterior ganha em vivência e prestígio, mas não acumula necessariamente mais conhecimento do que se ficasse no Brasil, onde já há diversas escolas de boa qualidade.
"Tanto lá como aqui há MBAs e MBAs. Há cursos excelentes no Brasil e há cursos precários lá", pondera Roberto Paschoali, diretor da BSP (Business School São Paulo). "Um MBA norte-americano de primeira linha pode representar uma vantagem no mercado. Mas demanda muito tempo, dinheiro e dedicação."
Que o diga o engenheiro Evandro Trus, 35, que em 1996 vendeu apartamento e carro e deixou um cargo gerencial para cursar MBA na Indiana University (EUA). "Eu quero ir mais longe, chegar à presidência de uma empresa", diz.
Concluídos os estudos, ele passou por GM e Lucent e terminou na AOL, onde é hoje gerente. "O MBA abriu meu campo de trabalho para outros países."
Mas infelizmente não é sempre que a ousadia de vender tudo para estudar no exterior é recompensada.

Escolha certa
As principais vantagens de estudar no exterior -aquisição de visão global de negócios, "networking" internacional e ampla discussão de "cases"- podem ser desperdiçadas se a escola escolhida for ruim, alerta Patrícia Molinos, diretora da KPMG. "O mercado olha de maneira bastante positiva só as dez ou 20 melhores escolas", argumenta.
Estudar fora é especialmente interessante para jovens formados há pouco tempo ou com até três anos de experiência profissional, analisa James Wright, diretor do MBA executivo internacional da FIA (Fundação Instituto de Administração, conveniada à FEA-USP). "A relação custo-benefício é melhor no Brasil, em especial para alunos maduros, com mais de cinco anos de formação e cuja carreira está em ascensão."

Aulas em inglês
Em São Paulo, um dos poucos MBAs norte-americanos em atuação é o da Pittsburgh University, no país há cinco anos. O curso custa US$ 45 mil, sem contar três viagens internacionais obrigatórias à sede da universidade, nos Estados Unidos.
"O executivo terá as mesmas oportunidades [de um curso no exterior] sem precisar morar fora do país", compara Cristina Marcondes Machado, diretora do programa da Pittsburgh na América do Sul. (JG)


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