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PÓS & MBA
Escolas brasileiras lançam módulos internacionais e dão "tempero globalizado" ao curso
Parceria leva aluno brasileiro ao exterior
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Conciliar o melhor de dois
mundos: os benefícios de estudar
no exterior sem as inconveniências de deixar o país por um longo
período. Essa é a meta -ou, ao
menos, a publicidade- que move os chamados "MBAs globalizados", cursos brasileiros que contam com no mínimo uma etapa
de aulas, palestras, discussões de
"cases" e visitas a grandes corporações no exterior.
A maior parte dos especialistas
ouvidos pela Folha aprova a fórmula. "Dá um peso de sofisticação ao curso", opina Danute Garziulis, associada sênior da consultoria Spencer Stuart.
O formato da temporada varia
conforme a instituição. Pode ser
de duas semanas, como na BSP,
ou de dois meses (um por ano),
como na FGV. A FIA propõe estágio de uma semana de aulas na
Europa e outra nos Estados Unidos. A BBS oferece uma temporada de sete semanas na Virginia
(EUA). No módulo de 30 dias,
não-obrigatório, proposto pelo
Ibmec-RJ, o aluno participa de
um programa na École Supérieur
de Commerce de Le Havre, na
França, que conta ainda com etapas na Espanha, Bélgica e Holanda. A viagem não confere status
de "internacional" à certificação.
Sem ruptura
Com férias e licenças dedicadas
aos módulos no exterior, os executivos experimentam o gostinho
de uma temporada em outro país,
com investimento que gira em
torno de um quarto do total que
demandariam vida e estudos nos
Estados Unidos -o destino mais
comum dos gestores.
Profissionais que consideram
inviável o rompimento de vínculos e a "ruptura" na carreira inerentes à opção por estadas de dois
anos no exterior encontram nesses programas eficiente relação de
custo-benefício.
"O valor cobrado pelas universidades nos EUA pode até não ser
muito mais alto que o investimento num curso "internacional" daqui, mas os custos de moradia fazem uma diferença enorme", diz
a diretora de compras para a
América Latina da EDS, Martha
Verçosa, 46. "E não daria para
deixar meu trabalho e minha família", completa a executiva, que
durante duas semanas freqüentou aulas na Toronto University.
"Quem fica fora do país durante
os dois anos de um MBA ganha
mais vivência do que quem sai
por dois meses. Mas é preciso
colocar nessa conta os vínculos,
o emprego e a rede de contatos
no Brasil", frisa Pedro Carvalho
de Mello, que coordena o programa da FGV em convênio com a
Ohio University (EUA).
Gladys Zrncevich, sócia da GlaZ
Consultoria em RH, não compartilha desse entusiasmo. "Durante
esses módulos, "carésimos", fazem
um rol de visitas a empresas, que
são apresentadas como "cases".
Mas não dá para sedimentar o conhecimento, agrega pouco em
aprendizagem", critica. "O indivíduo tem de pagar avião, hospedagem e curso para colocar "internacional" no currículo. Mas os "head
hunters" sabem que o período é só
de um mês e que nele só se faz um
pouco de "networking"."
Aulas em inglês
Algumas escolas de negócios no
Brasil tentam selecionar seu público ministrando aulas somente
em inglês. O expediente tem prós
e contras. Martha Verçosa, da
EDS, conta que essa característica
pesou na sua decisão pelo programa da BSP. "As aulas e os trabalhos são em inglês. Isso acaba por
definir o público participante:
eram empregados de multinacionais e empresas de grande porte."
O economista Antônio Fonseca,
diretor de tecnologia da informação da KPMG, faz uma avaliação
diferente. "Embora eu seja fluente, achei que perderia na absorção
do conteúdo se todas as matérias
fossem em língua estrangeira",
analisa o executivo, que optou pelo curso da FIA, em português,
com módulo de uma semana em
Cambridge e Lyon (Europa) e outra em Nashville (EUA).
(JG)
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