São Paulo, domingo, 18 de novembro de 2007

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HERANÇA CULTURAL

Respeito ao costume regional é fator para reter profissionais

Companhia tenta valorizar estilo do país onde atua

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O respeito da empresa internacionalizada pela cultura local é valorizado pelo colaborador e funciona como fator para que ele permaneça na organização.
"Nos últimos três anos, tenho notado uma consciência crescente [por parte das empresas] da importância da cultura local", aponta Betânia Tanure, professora da Fundação Dom Cabral.
Para o consultor da Michael Page Augusto Polliti, a cultura de origem não deve tomar grande vulto -os valores básicos são globais, mas há limites culturais que precisam ser respeitados. "Um comportamento considerado ético no Brasil não necessariamente é o mesmo na Índia", exemplifica.
Segundo Tanure, a valorização do estilo local tem impacto no modo de gerir equipes. "É possível modelar melhor os mecanismos de retenção de pessoal", afirma.
Esse foi um dos critérios observados por Neuber Fabro, 27, coordenador de tecnologia da informação, quando deixou uma organização de origem finlandesa. "Não havia estímulo ao crescimento ou um plano conciso de avaliação", justifica.
"As chances de eu permanecer em uma empresa em que há pouca adaptação às condições locais são mínimas. Se a empresa não entender meu ritmo de trabalho, ficarei desmotivado", explica Fabro.
Na suíça ABB (Asea Brown Bovery), uma das estratégias para reter talentos é a predominância de brasileiros em cargos executivos. "Se todos os gestores são pessoas do país, os funcionários acreditam na possibilidade de chegar lá", diz Carlos Hohl, diretor de comunicação. "Ser o mais local possível é uma estratégia", conclui.

Ponto de vista
Para entender os costumes locais, o ideal, diz Tanure, é que as empresas identifiquem as características de sua cultura de que não abrem mão e vejam o que esses quesitos significam para a sociedade local.
"[Nas empresas brasileiras,] a distância entre chefe e subordinado é grande e a possibilidade de discordar do chefe é pouca. Nos Estados Unidos, é pressuposto discordar", afirma.
O brasileiro Marcos de Oliveira, 50, atua como diretor na unidade australiana da Twentieth Century Fox.
Para ele, que foi transferido para uma operação que já estava em andamento, a melhor gestão é aquela em que os valores são definidos, e práticas, conhecidas. "Mas o relacionamento com clientes, fornecedores e parceiros deve ser adequado às práticas locais", acrescenta Oliveira.(CRA)


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