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RUMO AO TOPO
"High potentials" são aposta estratégica das empresas
Dos diretores e gerentes, 7,7% têm a chance de atingir o posto mais alto
ANDRESSA ROVANI
DA REPORTAGEM LOCAL
Ser selecionado para ter uma
carreira meteórica, com previsão de receber gordos salários,
estudar em universidades de
primeira linha fora do país e,
sobretudo, atingir os postos
mais altos dentro da empresa.
Assim é a vida dos chamados
profissionais de alto potencial
-também conhecidos como
"high potentials"-, personagens famosos no escritório por
apresentarem desempenho
acima da média dos colegas.
Se essa descrição é exatamente o sonho de muitos profissionais, vale ressaltar que,
para ser escalado nessa seleção,
a tarefa é das mais árduas.
Sobretudo porque esse privilégio é para -bem- poucos.
Um levantamento feito pela
consultoria Kesenberg & Partners com 8.000 gerentes e diretores nos últimos cinco anos
aponta que apenas 7,7% deles
se enquadram como "high potentials", com a chance de chegar ao topo e subir até dois níveis hierárquicos em seis anos.
No rol dos privilegiados, segundo indicação da própria
empresa, Guilherme Puppi, 31,
percebeu o quanto o Itaú apostava nele quando foi convidado
para transferir-se de Curitiba
para São Paulo e assumir um
cargo de maior responsabilidade. "Reforcei para o meu chefe
meu interesse em fazer mestrado fora", diz Puppi, que começou no banco há oito anos, como trainee, e hoje é gerente de
crédito para médias empresas.
"Ele me disse: "Confie no
banco que as coisas acontecerão"." Puppi confiou e hoje vê
sua carreira crescer com cuidado especial. O custeio do MBA
internacional foi um dos sinais.
Ao voltar dos EUA, em junho,
questionou o peso que a aposta
teria sobre seus ombros. "Tirava-me o sono pensar o quanto
eu teria que "performar" quando voltasse", recorda, acrescentando que o receio não se confirmou. "A organização criou o
ambiente necessário para performar com tranqüilidade."
Jovens maduros
"Hoje, os "high potentials" são
jovens não em idade, mas em
quilometragem. Os aspectos
comportamentais e subjetivos
são mais avaliados que os técnicos", explica a consultora da
Hay Group Glaucy Bocci.
"São jovens ambiciosos, com
muita energia e que têm pressa", define Alessandra Ditt,
gerente de desenvolvimento
organizacional da Novartis.
"Mas não existe um padrão",
interfere a professora de recursos humanos e diretora da
FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade), Maria Tereza Fleury.
Para Fausto Alvarez, diretor
da Kesenberg & Partners, "potencial é apenas um prognóstico -ele pode vingar ou não".
Independentemente do perfil, os especialistas são unânimes ao citar uma qualidade-chave: maturidade para lidar
com adversidades. "A base é o
autoconhecimento", diz Bocci.
Chegar ao último degrau, no
entanto, não é o destino de todos. Na Novartis, por exemplo,
1 em cada 5 profissionais tidos
como "high potentials" não
atingem postos de alto nível, de
acordo com uma avaliação de
evolução de carreira dos que,
em 2001 e 2002, foram identificados como alto potencial.
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