São Paulo, domingo, 21 de maio de 2006

Próximo Texto | Índice

RUMO AO TOPO

"High potentials" são aposta estratégica das empresas

Dos diretores e gerentes, 7,7% têm a chance de atingir o posto mais alto

ANDRESSA ROVANI
DA REPORTAGEM LOCAL

Ser selecionado para ter uma carreira meteórica, com previsão de receber gordos salários, estudar em universidades de primeira linha fora do país e, sobretudo, atingir os postos mais altos dentro da empresa.
Assim é a vida dos chamados profissionais de alto potencial -também conhecidos como "high potentials"-, personagens famosos no escritório por apresentarem desempenho acima da média dos colegas.
Se essa descrição é exatamente o sonho de muitos profissionais, vale ressaltar que, para ser escalado nessa seleção, a tarefa é das mais árduas.
Sobretudo porque esse privilégio é para -bem- poucos. Um levantamento feito pela consultoria Kesenberg & Partners com 8.000 gerentes e diretores nos últimos cinco anos aponta que apenas 7,7% deles se enquadram como "high potentials", com a chance de chegar ao topo e subir até dois níveis hierárquicos em seis anos.
No rol dos privilegiados, segundo indicação da própria empresa, Guilherme Puppi, 31, percebeu o quanto o Itaú apostava nele quando foi convidado para transferir-se de Curitiba para São Paulo e assumir um cargo de maior responsabilidade. "Reforcei para o meu chefe meu interesse em fazer mestrado fora", diz Puppi, que começou no banco há oito anos, como trainee, e hoje é gerente de crédito para médias empresas.
"Ele me disse: "Confie no banco que as coisas acontecerão"." Puppi confiou e hoje vê sua carreira crescer com cuidado especial. O custeio do MBA internacional foi um dos sinais.
Ao voltar dos EUA, em junho, questionou o peso que a aposta teria sobre seus ombros. "Tirava-me o sono pensar o quanto eu teria que "performar" quando voltasse", recorda, acrescentando que o receio não se confirmou. "A organização criou o ambiente necessário para performar com tranqüilidade."

Jovens maduros
"Hoje, os "high potentials" são jovens não em idade, mas em quilometragem. Os aspectos comportamentais e subjetivos são mais avaliados que os técnicos", explica a consultora da Hay Group Glaucy Bocci.
"São jovens ambiciosos, com muita energia e que têm pressa", define Alessandra Ditt, gerente de desenvolvimento organizacional da Novartis. "Mas não existe um padrão", interfere a professora de recursos humanos e diretora da FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade), Maria Tereza Fleury.
Para Fausto Alvarez, diretor da Kesenberg & Partners, "potencial é apenas um prognóstico -ele pode vingar ou não".
Independentemente do perfil, os especialistas são unânimes ao citar uma qualidade-chave: maturidade para lidar com adversidades. "A base é o autoconhecimento", diz Bocci.
Chegar ao último degrau, no entanto, não é o destino de todos. Na Novartis, por exemplo, 1 em cada 5 profissionais tidos como "high potentials" não atingem postos de alto nível, de acordo com uma avaliação de evolução de carreira dos que, em 2001 e 2002, foram identificados como alto potencial.


Próximo Texto: Firmas preferem "abrir resultado" a funcionários
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.