São Paulo, domingo, 21 de maio de 2006 |
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SAÚDE CORPORATIVA Temperatura pesa no desempenho
Segundo a ABQV, desconforto com o clima reduz em 4% a produtividade do trabalhador que discutem pela temperatura do ar-condicionado MARIA CAROLINA ABE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Quem fica com a garganta seca e os olhos constantemente irritados no trabalho deve prestar atenção: a causa dessas e de outras complicações pode ser o mau uso do ar-condicionado. Profissionais que trabalham em ambientes climatizados têm 40% mais chances de desenvolver problemas respiratórios e alergias do que os que passam o dia em locais com sistemas de ventilação natural. E, para quem já é alérgico, a exposição constante ao ar- condicionado torna-se um agravante potencial da doença. Essa informação faz parte da conclusão de um estudo do pesquisador da Universidade de São Paulo e médico alergologista Gustavo Silveira Graudenz. A advogada Lígia Maria Sodré Pereira, 26, sabe bem disso: sofre diariamente com o sistema de climatização do local em que trabalha, equipado com ar-condicionado "muito forte". "Minhas lentes de contato secam e sou obrigada a pingar colírio nos olhos a cada duas horas, além de ficar com o nariz coçando por causa da rinite", relata. O maior problema para ela, contudo, é outro: encontrar um meio-termo sobre a temperatura ideal para o ambiente. "Discuto com os colegas", diz. Que o diga o administrador de empresas Jaime Pereira Neto, 26, que senta ao lado da advogada, numa consultoria de negócios multinacional. "Se eu sentir calor, não posso tirar a camisa; então, basta que ela coloque uma blusa se estiver com frio", polemiza ele, brincando. Resultado comprometido A disputa motivada pela temperatura do ar-condicionado pode ter desdobramentos negativos para a "saúde" da própria firma. De acordo com Alberto Ogata, presidente da ABQV (Associação Brasileira de Qualidade de Vida), o desconforto com a temperatura do ambiente compromete 4% da produtividade do trabalhador. "Tanto o frio como o calor excessivos são prejudiciais e afetam o desempenho dos profissionais. O ideal seria que o sistema de ar-condicionado não fosse central, como em muitos edifícios", explica. Outro problema relacionado ao aparelho é o que ficou conhecido como "ar viciado", que, segundo Graudenz, acontece porque a taxa de renovação do ar não é constante -como medida, o Ministério da Saúde recomenda que sejam feitas, por hora, ao menos 12 trocas de ar. "Muitas empresas utilizam o ciclo econômico do ar para poupar energia e, dependendo do número de pessoas no ambiente, o ar fica "pesado", pois o equipamento está programado para funcionar para uma quantidade determinada de indivíduos", explica o médico. Edifício doente Para o professor Gianpaolo Dorigo, 40, do Anglo, dar aulas com o ar-condicionado ligado não é problema. Pelo contrário: ele se sente mal quando, com uma pane no sistema, precisa lecionar para os cerca de 180 alunos por sala em um ambiente sem ventilação natural. Esse é o ambiente ideal para desencadear a "síndrome do edifício doente", segundo termos da OMS (Organização Mundial da Saúde). Trata-se da transmissão acentuada de doenças causadas por bactérias, fungos e ácaros, que se proliferam com a baixa qualidade do ar em locais fechados e com aglomeração de gente. Se desligar o ar é, então, uma solução inviável, cabe ao profissional tomar certos cuidados, como lubrificar olhos e nariz repetidas vezes durante o expediente e afastar-se o máximo possível do duto de ventilação. É essencial também cobrar das empresas uma manutenção periódica e limpezas constantes nos condicionadores de ar. Texto Anterior: O que isso quer dizer Próximo Texto: Cursos: Idioma não dispensar decifrar a cultura Índice |
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