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CURRÍCULO EM LINKS
Recrutamento pela web impede inovações
Formulário on-line adotado pelas empresas padroniza dados e restringe o uso de recursos de apoio
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A estratégia de usar a criatividade para criar o currículo enfrenta
uma barreira imposta por muitas
empresas e agências de recrutamento: a proliferação de modelos
padronizados de inscrição.
Sobretudo as multinacionais,
cujos processos seletivos chegam
a receber milhares de candidatos,
passaram a adotar em seus sites
formulários prontos, que precisam apenas ser preenchidos pelo
profissional. Nesse caso, não tem
jeito: inovar no formato ou mesmo na inclusão de endereços eletrônicos é inviável na seleção.
O "consolo" nesse caso é que
um material mais elaborado, como um portfólio, pode ser mostrado na entrevista pessoal.
Empresas recrutadoras também priorizam os modelos-padrão. Na DM Recursos Humanos,
quem envia o currículo por carta
recebe um comunicado para fazer
cadastro on-line. "Não avaliamos
currículos impressos", afirma a
sócia Sofia Esteves do Amaral.
Os selecionadores têm tanta
pressa que Elaine Saad, da RightSaadFellipelli, sugere a inclusão
das informações-chave do candidato no corpo do e-mail enviado.
Um outro procedimento comum, o de mandar uma carta de
apresentação, também pode ter
seus dias contados. "Geralmente
vou direto ao currículo, não costumo ler esse tipo de texto", afirma Neli Barboza, da Manager.
O que permanece mesmo é a
consulta a antigos empregadores
antes de uma contratação. "Nada
exclui a checagem de experiências
anteriores", conclui Mariá Giuliese, da Lens & Minarelli.
Propaganda pessoal
Já nas agências de publicidade e
marketing, o acesso fácil e rápido,
por meio de um link, a trabalhos
realizados pelo candidato pode
constituir, sim, um diferencial no
momento da convocação para
uma entrevista de emprego.
Na McCann-Erickson, por
exemplo, não há um sistema organizado de análise de currículos,
diz o diretor de criação, Danilo
Martins. "Dependemos muito de
um portfólio. Às vezes o profissional deixa um CD com seus trabalhos ou indica um site. Mas priorizamos a análise dos links de quem
já tenha referências, como uma
recomendação de alguém."
Já o vice-presidente da agência
Click (especializada em propaganda na internet), P. J. Pereira,
conta que, apesar de receber "algumas dezenas" de currículos por
dia, lê todos. "Garimpar talentos é
um dos aspectos mais importantes do meu trabalho", afirma.
Sorte do publicitário Rodrigo
Buim, 25. Ele percebeu que, em
um mercado de concorrência
acirrada, o cuidado na preparação
do material de divulgação às vezes
vale a oportunidade de trabalho.
Há cerca de três anos, ele enviou
para a Click o link para o seu portfólio, por e-mail. A agência buscava um estagiário. "O que me chamou a atenção não foram os trabalhos dele, mas sim o layout do
portfólio em si", recorda Pereira.
"Quem está no início da carreira,
às vezes, não tem muitos projetos
elaborados para enviar, mas pode
mostrar seu talento assim."
Buim conseguiu o estágio três
dias depois de mandar o e-mail.
"Se não tivesse enviado o portfólio, nunca seria contratado."
"O currículo é uma peça publicitária, que pode ser enriquecida",
arremata Gilberto Guimarães, diretor da BPI. Há quem leve a frase
exatamente ao pé da letra.
É o caso de Luiz Montoya, 22,
formado em publicidade. Na busca de emprego, fez uma campanha agressiva de marketing.
Ele criou um slogan e uma chamativa peça de mala-direta, que
enviou pelo correio para cerca de
cem empresas. Mandou ainda
250 e-mails e publicou um "banner" (tipo de faixa promocional)
em um site específico. "Fiz tudo
sozinho", diz. Gastou R$ 1.400.
Menos de uma semana após o
lançamento da campanha, começou a trabalhar como analista de
"trade marketing" (marketing em
pontos-de-venda) na Electrolux.
"Demonstrei na prática que trabalho bem os conceitos de minha
área ao aplicar uma estratégia de
planejamento de comunicação."
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