São Paulo, domingo, 22 de dezembro de 2002

Próximo Texto | Índice

CÍRCULO DO EMPREGO

Grupos sociais formam rede de indicações

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Um momento de dificuldade, por ironia, pode ser a melhor hora para unir pessoas e solucionar problemas comuns. A partir dessa constatação, cada vez mais grupos da sociedade se mobilizam para criar "redes de emprego".
Com estrutura mais definida, alguns chegam a realizar eventos de incentivo a contratações. Outros, mais informais, reúnem-se por meio da internet. Cada um a seu modo vem obtendo resultados eficazes na indicação de profissionais participantes do grupo para oportunidades de trabalho.
Uma experiência que mostrou resultados começou em São Paulo há seis anos. Pais de um colégio sem fins lucrativos, o Rudolf Steiner, juntaram-se no momento em que vários estavam desempregados ou em dificuldades financeiras. O colégio adota a metodologia chamada Waldorf (que busca valorizar a educação do homem como um todo, corpo e alma).
"A maioria dos pais que perdiam o emprego trabalhava havia muito tempo em uma mesma empresa e já estava na meia-idade. Além de ficarem sem referencial, tinham muita dificuldade para se recolocar", diz a líder do movimento, a cancerologista e imunologista Nise Yamagushi, 42, que tem um filho na escola.
Os membros criaram o slogan "Pai Waldorf contrata pai Waldorf" e um catálogo de profissionais no estilo "páginas amarelas".
No primeiro ano do programa, montou-se guichê específico no tradicional bazar da escola. No ano seguinte, uma feira foi organizada com o objetivo de expor produtos feitos pelos pais e mostrar suas aptidões e qualidades.
Realizado até hoje, o evento já abrange outra escola que segue a mesma metodologia, o colégio Waldorf Micael, de São Paulo.
O projeto foi levado para lá por Salete Sazordelli de Abreu, 48, bancária aposentada e mãe de aluno. "A meta para 2003 é criar um site para ampliar o intercâmbio entre pais das escolas envolvidas", diz Salete, que atua hoje num ateliê de artes, aonde chegou por meio dos contatos que fez.
Projeto similar também foi implementado na escola Carandá, há cerca de três anos. "A proposta era resgatar a auto-estima e revisar projetos pessoais e profissionais inviabilizados pelo desemprego", diz a psicóloga e mãe de aluno Raquel Wrona, 54, fundadora. Segundo ela, os encontros duraram um ano, e vários participantes conseguiram trabalho por meio dos contatos pessoais.

Conectados
E não são só escolas que geram associações, mesmo que informais, de pessoas que tentam se ajudar de alguma forma.
Há nove anos, os ex-funcionários da American Express, por exemplo, formaram uma associação que hoje conta com 460 inscritos (leia texto nesta página).
Mesmo em grupos menos específicos em que o interesse não é só profissional, muitos participantes acabam sendo recomendados pelos outros quando há vagas.
É o caso de Mauro Grecco Cazeres, 23, engenheiro de alimentos, que conseguiu emprego na Ajinomoto, onde atua hoje, por indicação de uma colega de faculdade.
"Montamos um grupo na internet. Quando um sabe de alguma oportunidade, avisa os outros."
(ISABEL CASTRO)


Próximo Texto: Turma dos "ex" é lembrada para preencher vagas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.