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sua carreira
Mulheres são parcela pequena na Marinha
Restrições impedem que sigam qualquer carreira da instituição
DIOGO BERCITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
De zero para 2.268. Foi esse o
aumento no número de mulheres na Marinha do Brasil entre
1980, data da criação do Corpo
Auxiliar Feminino da Reserva
da Marinha, e 2004.
A quantidade, porém, continua pouco significativa se comparada ao contingente total
-as mulheres representavam,
em 2004, apenas 5,6% dos integrantes da instituição.
As informações constam do
estudo "As Mulheres nas Forças Armadas Brasileiras: A
Marinha do Brasil (1980-2008)", concluído em agosto
pela professora Maria Rosa
Lombardi, da Fundação Carlos
Chagas, e divulgado com exclusividade pela Folha.
Na Marinha, algumas carreiras são restritas a homens, como as do Corpo da Armada e do
Corpo dos Fuzileiros Navais.
Além das limitações impostas pela instituição, outro fator
pesa para que as mulheres tenham pouca participação na
Marinha. "Elas muitas vezes
desconhecem as possibilidades
profissionais nas Forças Armadas", afirma Lombardi.
O trabalho da pesquisadora
indica alguns pontos de atrito
que as mulheres enfrentam na
Marinha, como o preconceito
de que, devido a uma suposta
fragilidade física, não estejam
aptas a desempenhar todas as
suas funções propriamente.
Uma técnica em administração que trabalha desde 2004
no 1º Distrito Naval, no Rio de
Janeiro, e que não quis se identificar, disse já ter sido alvo de
piadas que a desmereceram
profissionalmente.
Ela afirma, por exemplo, que
já ouviu de seus colegas que o
trabalho na Marinha é mais
fácil para as mulheres devido
ao fato de que elas não podem
servir em embarcações.
Barreiras
"Outra dificuldade que a mulher enfrenta nas Forças Armadas tem a ver com o papel tradicionalmente atribuído a ela, o
de mãe e de dona-de-casa",
aponta Maria Margaret Lopes,
assessora técnica da SPM (Secretaria Especial de Políticas
para as Mulheres), ligada à Presidência da República.
Para Lopes, os problemas
enfrentados refletem-se no tratamento e nas oportunidades
profissionais. "Em muitos casos, são mulheres qualificadas,
mas que não chegam às posições mais altas, o que mostra
que há barreiras de gênero."
Tânia Richa, 51, que entrou
na Marinha em 1982, foi uma
das que alcançaram uma colocação de destaque. Ela ocupa o
posto de capitão-de-mar-e-guerra, patente que apenas outras nove mulheres detinham
em 2004 -os 371 restantes
eram homens.
"A Marinha é como qualquer
empresa, há um fluxo de carreira", aponta Richa. "As mulheres estão chegando aos postos
mais altos porque é [só] agora
que estão entrando na Marinha. Não há distinção em relação ao sexo", conclui.
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