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São Paulo, domingo, 25 de maio de 2003

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PROVA DE REGULARIDADE

Vida pessoal e relacionamento com empresa são essenciais para o bom desempenho

Ponto de equilíbrio não está só no trabalho

FREE-LANCE PARA A FOLHA

"O desempenho no trabalho resulta da conjugação de diferentes comportamentos, podendo a combinação ser positiva ou não." A afirmação é de Jairo Eduardo Borges-Andrade, 52, professor titular do departamento de psicologia social e do trabalho da UnB (Universidade de Brasília).
Os fatores que influenciam o resultado final dessa equação são o contexto psicossocial (ambiente organizacional, família, amigos, lazer), a cognição (competências técnicas) e o afeto (comprometimento afetivo com a companhia).
"Esses são os grandes determinantes do desempenho. Todas as esferas afetam [o funcionário], isso não está sob o controle da empresa", argumenta o professor.
A cognição -ou as variáveis técnicas- reúne o conhecimento que se tem para obter um desempenho favorável, e esse saber interage com variáveis do ambiente.
Já o comprometimento está ligado à satisfação no trabalho e depende da formação pessoal e das relações com a empresa.
Um desempenho regular e positivo do profissional pressupõe, assim, manter cada um desses fatores na mais perfeita ordem, além das combinações de todos eles. "Considerando-se a complexidade dessa interação, é impossível conseguir fazer tudo isso funcionar impecavelmente o tempo todo. Nem máquina consegue."
As dificuldades não terminam por aqui. Ricardo Antunes, 50, professor titular de sociologia do trabalho da Unicamp, lembra que as pressões sofridas prejudicam o relacionamento interpessoal.
"O profissional oscila entre fazer tudo pela empresa e tudo por si, agindo individualmente", diz.
A partir daí, completa Antunes, o funcionário busca cada vez mais qualificação para ficar melhor do que seu colega. "As empresas modernas solapam a solidariedade. O profissional tem de saber que o status tem pés de barro", conclui.

Competição predatória
Mas é possível sacudir a poeira e sobreviver a esse caos. "As empresas estão mais tolerantes com bons profissionais que passam por uma oscilação", afirma Liliana Guimarães, da Unicamp. "Tanto que pagam terapia para alguns. Formar um talento custa caro e é difícil repor", emenda.
Outra forma de perseguir a atuação positiva é o sistema de trabalho por metas. O mecanismo pode funcionar, se for bem-feito. Juliana Ema Radvany Florez, 59, professora de psicodrama da PUC-SP, diz, contudo, que a estratégia errada pode pôr tudo a perder. "É preciso valorizar o grupo e mostrar que todos fazem parte da mesma rede, senão vira competição predatória."
A obrigação de ser criativo o tempo todo também não é simples de ser cumprida. "Principalmente no início de carreira a gente se depara com a situação de estar com o prazo vencendo e não ter nenhuma idéia em vista", conta Luiz Sanches, 31, diretor de criação da agência AlmapBBDO.

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