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A SOMBRA DO LUTO
Perda pode ter efeitos negativos para empresa
Firmas desenvolvem programas para ajudar na superação do luto
DA REPORTAGEM LOCAL
Algumas empresas já acompanham o luto do funcionário
de perto, por meio de gestores e
profissionais de recursos humanos. Isso porque a baixa produtividade e os distúrbios de
memória aumentam as chances de erro e podem comprometer não só o desempenho do
trabalhador mas também toda
a cadeia produtiva da empresa.
De acordo com Russel Friedman, diretor-executivo do
Grief Recovery Institute (Instituto de Recuperação do Luto),
um estudo elaborado pela entidade em 2003 revelou que chega a US$ 75 bilhões o prejuízo
das companhias no mundo que
não cuidam dos enlutados.
"Os funcionários não podem
estacionar a dor do lado de fora
do trabalho. É preciso dar-lhes
tempo para se recuperarem e
espaço na empresa para conversarem sobre o assunto", diz.
A Hallmark dos Estados Unidos, por exemplo, tem um programa específico no qual os
empregados com algum problema podem se conectar com
outros que passaram por dificuldades semelhantes, a fim de
compartilhar as experiências.
Friedman calcula que a demanda por informação sobre
como cuidar do luto de funcionários aumentou 800% nos
Estados Unidos e no Canadá,
após a publicação do estudo.
No Brasil, a busca por informação sobre o assunto, apesar
de ainda ser tímida, existe.
"As empresas têm se conscientizado da importância dessa necessidade", afirma Maria
Helena Pereira Franco, coordenadora do Laboratório de
Estudos e Intervenção sobre o
Luto da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Para José Tolovi Jr., presidente do Great Place to Work,
empresas que não se preocupam com o seu capital humano
estão na contramão da tendência mundial. "O ideal é implementar programas que visem a
auxiliar o profissional quando
ele se depara com momentos
de crise pessoal", explica.
Na Petrobras, por exemplo,
são feitas palestras para gestores e profissionais de saúde da
companhia para falar sobre o
luto e outros assuntos que envolvem o sentimento de perda,
como a aposentadoria, aponta
Elaine Alves, do Laboratório de
Estudos sobre a Morte da
Universidade de São Paulo.
Pressão
Os prazos cada vez mais curtos e a competitividade fazem
com que os funcionários percam a sensibilidade diante do
luto ou do problema do colega,
afirma Daniele Mendonça, gerente de negócios da Across,
empresa de recursos humanos.
"É importante que a pessoa
enlutada seja tratada com compreensão. Deve ser envolvida
no trabalho, mas com prazos de
entrega maiores", exemplifica.
Para Friedman, se a empresa
perceber que, ao cuidar do funcionário, ela estará olhando para si mesma, prejuízos emocionais e financeiros para ambas
as partes serão evitados.
(MCN)
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