São Paulo, domingo, 25 de maio de 2008

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Substituição de pessoa morta causa estranheza entre ex-colegas

DA REPORTAGEM LOCAL

A morte de um funcionário afeta diretamente o desempenho da equipe relacionada a ele. Mais do que a ausência da pessoa, a idéia de finitude faz com que os colegas reflitam sobre o sentido de suas próprias vidas.
De acordo com a psicóloga Maria Helena Pereira Franco, os profissionais se vêem obrigados a dar continuidade aos negócios, mas, ao mesmo tempo, não gostam de pensar que a morte vai ser tratada apenas como mais um fato na empresa.
"Logo haverá outra pessoa para substituir essa. Tem quem ganhe e quem perca com a situação", acrescenta Franco.
Ver a mesa que era de sua mãe ser ocupada por outra pessoa fez com que a estagiária Pâmela Aguiar, 19, percebesse que sua mãe não voltaria mais.
"Nós trabalhávamos no mesmo prédio. Ela no segundo andar, e eu, no sétimo. Quando ela morreu, fiquei sem vir trabalhar por um mês", conta Aguiar. Ela diz que não consegue ir para os lugares que freqüentavam juntas, como o refeitório.
A sensação de ver uma substituta na função de sua mãe, afirma, causa-lhe "estranheza". "O pessoal mudou tudo, não parecia mais a mesa dela. Mas sempre que passo por lá, dou uma espiada de canto de olho no espaço que era dela."

Suicídio
A psicóloga Elaine Alves, da USP, diz que a falta de diálogo sobre a morte interfere no desempenho de todos. "Em casos de suicídio, é pior ainda", diz.
De acordo com Cristina Moura, professora da Equipe de Pesquisa e Intervenção no Luto da UnB (Universidade de Brasília), colegas de trabalho de suicidas recebem um grande impacto da morte. "Eles apresentam as mesmas reações que um familiar do suicida tem, como taquicardia, além do sentimento de culpa de que deveriam ter impedido o suicídio."


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