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Substituição de pessoa morta causa estranheza entre ex-colegas
DA REPORTAGEM LOCAL
A morte de um funcionário
afeta diretamente o desempenho da equipe relacionada a ele.
Mais do que a ausência da pessoa, a idéia de finitude faz com
que os colegas reflitam sobre o
sentido de suas próprias vidas.
De acordo com a psicóloga
Maria Helena Pereira Franco,
os profissionais se vêem obrigados a dar continuidade aos
negócios, mas, ao mesmo tempo, não gostam de pensar que a
morte vai ser tratada apenas
como mais um fato na empresa.
"Logo haverá outra pessoa
para substituir essa. Tem quem
ganhe e quem perca com a situação", acrescenta Franco.
Ver a mesa que era de sua
mãe ser ocupada por outra pessoa fez com que a estagiária Pâmela Aguiar, 19, percebesse que
sua mãe não voltaria mais.
"Nós trabalhávamos no mesmo prédio. Ela no segundo andar, e eu, no sétimo. Quando ela
morreu, fiquei sem vir trabalhar por um mês", conta Aguiar.
Ela diz que não consegue ir para os lugares que freqüentavam
juntas, como o refeitório.
A sensação de ver uma substituta na função de sua mãe,
afirma, causa-lhe "estranheza".
"O pessoal mudou tudo, não
parecia mais a mesa dela. Mas
sempre que passo por lá, dou
uma espiada de canto de olho
no espaço que era dela."
Suicídio
A psicóloga Elaine Alves, da
USP, diz que a falta de diálogo
sobre a morte interfere no desempenho de todos. "Em casos
de suicídio, é pior ainda", diz.
De acordo com Cristina
Moura, professora da Equipe
de Pesquisa e Intervenção no
Luto da UnB (Universidade de
Brasília), colegas de trabalho de
suicidas recebem um grande
impacto da morte. "Eles apresentam as mesmas reações que
um familiar do suicida tem, como taquicardia, além do sentimento de culpa de que deveriam ter impedido o suicídio."
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