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São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 2003

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O PREÇO DE UM DIPLOMA

Dólar em alta aumenta despesas com taxas para o teste e livros importados; Gmat sai por cerca de R$ 700

Estudante paga caro por atestado

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Antes de receber o troféu, é preciso entregar o ouro. Assim funcionam os certificados de fluência em idiomas estrangeiros: taxas de inscrição, gastos com livros, horas de pesquisa na internet e mensalidades de cursos preparatórios são algumas das despesas que podem esvaziar o bolso do estudante.
E, para piorar, como muitas das taxas são cotadas em dólar, as oscilações da moeda norte-americana têm preocupado ainda mais os que pensam em conseguir a certificação. O Toefl, por exemplo, cuja validade é de apenas dois anos, sai hoje por US$ 110 (R$ 388).
Parte do preço se explica pela logística dessas provas, geralmente corrigidas por professores nas universidades que as preparam.
Quanto mais específicos os testes, maiores as despesas. Para obter o United States Medical Licensing Examination (Exame de Licença Médica nos Estados Unidos), por exemplo, são necessários mais de R$ 5.000. O Gmat, válido para ingresso em cursos de MBA, custa US$ 200 (R$ 706).
Mas o "investimento" vai muito além da taxa da prova: há os gastos com aulas de preparação, que podem chegar a mais de R$ 1.000 por mês, e com livros importados. E, para se candidatar a um certificado conceituado, são necessários até três anos de estudos, sem nenhuma garantia de aprovação.

Pechincha
Diante de tantos "cifrões", a criatividade tem sido a arma dos estudantes que precisam da certificação, mas não a qualquer preço. Para praticar, há quem utilize amostras de testes disponibilizadas nos sites oficiais dos exames (veja ao lado). "No próprio folheto explicativo do Toefl há questões-modelo", avisa Donald Occhiuzzo, da Associação Alumni.
Outra opção consiste em lançar mão de material emprestado, de bibliotecas ou mesmo de colegas.
"Estudei por conta própria com a apostila de um amigo", lembra Denise Sofiatti, que obteve 243 pontos (de 300) no exame Toefl. Ela também pedia para que conhecidos com fluência lessem e corrigissem redações suas.
Sofiatti reclama da "exploração indireta de dinheiro": "Como não recebi o resultado no prazo prometido, pedi a segunda via, que só chegou em cima da hora para inscrever-me num programa de intercâmbio. Mas me recusei a solicitar minha nota por telefone, pois o serviço seria cobrado".
Já Filipe de Zanatta Santos, que tirou A no CPE, aproveitou para atualizar sua "filmografia pessoal" e ao mesmo tempo se acostumar ao sotaque britânico. "Assisti a muitos filmes ingleses."

Exigência doméstica
Mas há casos em que não dá para fugir da despesa. Para Alexandre Caetano, 34, responsável por uma das divisões do banco Sudameris, o Gmat foi a exigência para cursar o MBA Executivo da BSP (Business School São Paulo).
Caetano, porém, considera o preço justificável. "Sua aplicação é muito bem-estruturada. Dão até protetores de ouvido contra ruídos durante as provas", defende.
Mesmo assim, recomenda corte de gastos prévios: dispensou professores e usou um software de simulação comprado pela internet.
Ele pondera que "os exames não são um bicho-de-sete-cabeças". "É possível passar estudando sozinho. O Gmat exige mais capacidade analítica e frieza que qualquer outra coisa", ressalta.

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