São Paulo, domingo, 28 de novembro de 2004

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SUA CARREIRA

Dificuldade em achar profissionais com perfil adequado faz firmas oferecerem cursos grátis

Seguradoras bancam formação de corretor

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Um dos caminhos para quem quer mudar de ramo profissional é investir em cursos de especialização. Se uma empresa oferecer o curso gratuitamente, antes mesmo de contratar o profissional, tanto melhor. A prática é incomum no mercado de trabalho em geral, mas é largamente adotada por grandes seguradoras na hora de compor sua equipe de vendas.
As companhias afirmam que encontrar no mercado um corretor bem treinado é raro e, por isso, muitas bancam a formação desses profissionais para depois aproveitá-los.
"Há uma carência generalizada de corretores com boa formação, principalmente na área de seguros de vida, previdenciários e de capitalização", afirma Ângela Ragnelli, que há quatro anos coordena o departamento de treinamento da Porto Seguros.
Quem quiser atuar nesse mercado deve tirar a sua habilitação na Funenseg (Fundação Escola Nacional de Seguros). O candidato precisa fazer provas que envolvem questões de legislação, regras previdenciárias, matemática e mercado financeiro. As exigências são ter mais de 21 anos e o ensino médio completo.

Aulas grátis
Os que realizam o treinamento nas seguradoras conveniadas com a Funenseg têm a vantagem das aulas gratuitas e de fazer as provas ao longo do curso. É bom lembrar que não é pago nenhum salário nem benefício durante o período de treinamento.
"Se as empresas oferecem cursos desse tipo, é porque sentem muita falta de mão-de-obra qualificada", analisa a consultora Erika Migliano, da Manager Assessoria em Recursos Humanos.
Para fazer o treinamento das seguradoras, é preciso enfrentar uma seleção acirrada. Manter uma turma por um período médio de três a cinco meses não custa pouco, e por isso as empresas procuram se certificar de que o investimento valerá a pena.
"Nossa seleção é rigorosa. Envolve dinâmica de grupo, provas escritas e entrevista", explica Paulo Vidal, superintendente comercial da Icatu Hartford. "Queremos saber se a pessoa tem interesse e potencial para ser um corretor. Caso contrário, é descartada."
Já seguradoras como a Bradesco Seguros e Previdência exigem exclusividade.

Mudança
A gerente de desenvolvimento da Mogeral, Vanessa Joannou, confirma que é um nicho muito procurado pelos que querem dar uma virada na carreira e estima que cerca de 80% dos que buscam os cursos vêm de outras áreas.
A gaúcha Roseli Ferreira, 41, tinha 20 anos de experiência como professora quando trocou de área. Há um ano, integra a equipe de vendas da Icatu Hartford.
Já sua companheira de trabalho Juliana Almeida, 20, ainda não tinha uma carreira definida quando decidiu abraçar o trabalho de corretora. Estudante de economia da Faap, ela vislumbra um futuro na área. "Trabalho há menos de um ano e gosto do que faço. Decidi investir nisso e fiz o curso da Icatu. Acho que estou no caminho certo." (RAFAEL ALVES PEREIRA)

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