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TV TRABALHO
"Sou eu quem decide", afirma Roberto Justus
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O publicitário Roberto Justus,
49, repete no Brasil o programa
do milionário norte-americano
Donald Trump e demite duas
pessoas por semana em rede nacional. Leia trechos da entrevista
que ele concedeu à Folha.
(BL)
Folha - É o sr. quem decide quem
vai demitir?
Roberto Justus - Sou eu. Os conselheiros me passam informações, e eu faço as coisas. A Record
não tem nada a ver com isso, o
público não tem nada a ver com
isso, ninguém fala nada, ninguém
dá palpite, e isso é espetacular.
Folha - Mas o diretor não fala no
seu ponto eletrônico?
Justus - Não tem ponto eletrônico, graças a Deus, e nunca vai ter,
não admito que tenha. Não tem
texto, não tem "teleprompter". É
o meu "feeling". Falo para minha
namorada e para meus filhos:
"Quero que vocês acreditem. Em
90% das vezes, eu não sabia quem
demitir até o último momento".
Folha - Isso não torna a demissão
sumária e sem muito critério?
Justus - Eu tenho uma noção,
mas não sei quem o líder vai trazer para a sala. Às vezes, alguém
que eu queria não vai e tenho de
ter outros critérios. Tiro deles
mesmos a informação.
Folha - O profissional continuará
na sua empresa após um ano?
Justus - Há uma grande possibilidade. Mas ele precisa ser muito
bom. Se o cara ganha um programa desses, é porque é bom. Não
tem sentido ele não continuar conosco lá na frente.
Folha - Ele não vai sofrer preconceito e resistência dos colegas?
Justus - No começo, vai ter um
pouco de holofote em cima dele,
depois isso vai acabar se acalmando naturalmente. Depois de um
ano, será como qualquer outro.
Folha - O sr. disse no ar: "Fama e
celebridade são para amadores. Este é um programa para profissionais". É uma referência a outros
"reality shows"?
Justus - Não quero cutucar ninguém, só deixar claro que estamos falando de negócios. Mas é
um programa de TV, não vou negar. Os RHs que me desculpem.
Eles me dizem que não, que não é
assim. É óbvio que não é uma seleção normal. É um programa de
televisão! Mas é um programa
pautado por uma coisa séria, estou realmente escolhendo alguém
para trabalhar para mim. Não é
para inglês ver e depois dane-se, o
cara vai embora. Quero o melhor
profissional, para deixá-lo aqui
[na empresa] por muito tempo.
Folha - E se, no prazo de um ano, a
pessoa não se adaptar à empresa
ou você estiver insatisfeito?
Justus - Se isso acontecer, a pessoa vai receber o salário equivalente a um ano, que é o prêmio do
programa mesmo, e ela vai ter de
sair. Não vou forçar nada. Mas ela
vai ter de trabalhar alguns meses
para sabermos o resultado.
Folha - Essa mídia em cima da demissão não pode trazer algum prejuízo para os demitidos?
Justus - Todo mundo está vendo
que é uma coisa simbólica. Eu estou demitindo alguém que ainda
nem trabalha para mim. É um
sentido figurado, não é uma demissão real por incompetência. O
mundo corporativo está vendo
que os caras são bons.
Folha - A Célia, demitida no primeiro dia, não terá prejuízos?
Justus - Não acredito. E outra
coisa: quando entrou, ela sabia
que poderia ser demitida. Ninguém foi obrigado a se inscrever.
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