São Paulo, domingo, 28 de novembro de 2004

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TV TRABALHO

"Sou eu quem decide", afirma Roberto Justus

FREE-LANCE PARA A FOLHA

O publicitário Roberto Justus, 49, repete no Brasil o programa do milionário norte-americano Donald Trump e demite duas pessoas por semana em rede nacional. Leia trechos da entrevista que ele concedeu à Folha. (BL)

 

Folha - É o sr. quem decide quem vai demitir?
Roberto Justus -
Sou eu. Os conselheiros me passam informações, e eu faço as coisas. A Record não tem nada a ver com isso, o público não tem nada a ver com isso, ninguém fala nada, ninguém dá palpite, e isso é espetacular.

Folha - Mas o diretor não fala no seu ponto eletrônico?
Justus -
Não tem ponto eletrônico, graças a Deus, e nunca vai ter, não admito que tenha. Não tem texto, não tem "teleprompter". É o meu "feeling". Falo para minha namorada e para meus filhos: "Quero que vocês acreditem. Em 90% das vezes, eu não sabia quem demitir até o último momento".

Folha - Isso não torna a demissão sumária e sem muito critério?
Justus -
Eu tenho uma noção, mas não sei quem o líder vai trazer para a sala. Às vezes, alguém que eu queria não vai e tenho de ter outros critérios. Tiro deles mesmos a informação.

Folha - O profissional continuará na sua empresa após um ano?
Justus -
Há uma grande possibilidade. Mas ele precisa ser muito bom. Se o cara ganha um programa desses, é porque é bom. Não tem sentido ele não continuar conosco lá na frente.

Folha - Ele não vai sofrer preconceito e resistência dos colegas?
Justus -
No começo, vai ter um pouco de holofote em cima dele, depois isso vai acabar se acalmando naturalmente. Depois de um ano, será como qualquer outro.

Folha - O sr. disse no ar: "Fama e celebridade são para amadores. Este é um programa para profissionais". É uma referência a outros "reality shows"?
Justus -
Não quero cutucar ninguém, só deixar claro que estamos falando de negócios. Mas é um programa de TV, não vou negar. Os RHs que me desculpem. Eles me dizem que não, que não é assim. É óbvio que não é uma seleção normal. É um programa de televisão! Mas é um programa pautado por uma coisa séria, estou realmente escolhendo alguém para trabalhar para mim. Não é para inglês ver e depois dane-se, o cara vai embora. Quero o melhor profissional, para deixá-lo aqui [na empresa] por muito tempo.

Folha - E se, no prazo de um ano, a pessoa não se adaptar à empresa ou você estiver insatisfeito?
Justus -
Se isso acontecer, a pessoa vai receber o salário equivalente a um ano, que é o prêmio do programa mesmo, e ela vai ter de sair. Não vou forçar nada. Mas ela vai ter de trabalhar alguns meses para sabermos o resultado.

Folha - Essa mídia em cima da demissão não pode trazer algum prejuízo para os demitidos?
Justus -
Todo mundo está vendo que é uma coisa simbólica. Eu estou demitindo alguém que ainda nem trabalha para mim. É um sentido figurado, não é uma demissão real por incompetência. O mundo corporativo está vendo que os caras são bons.

Folha - A Célia, demitida no primeiro dia, não terá prejuízos?
Justus -
Não acredito. E outra coisa: quando entrou, ela sabia que poderia ser demitida. Ninguém foi obrigado a se inscrever.


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