São Paulo, quinta-feira, 01 de junho de 2000
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Psiquiatra
"Comecei a fumar com 12 anos de idade para parecer mais velha. Nunca tentei parar, mesmo depois de entrar na faculdade de medicina e ver um monte de gente com câncer de pulmão.
Fumo porque tenho vontade de sentir o gosto do cigarro, e não por causa de alguma coisa que desperta a minha vontade de fumar. Mas tem que ser de determinadas marcas, senão não quero. O cheiro do cigarro das outras pessoas me incomoda, assim como o cheiro de cigarro apagado. É uma coisa muito estranha.
Fumo mais ou menos dez cigarros por dia. Há situações em que fumo menos ou mais cigarros. No final de semana, se vou ao cinema ou saio com amigos, acabo fumando menos.
Nas férias, eu paro de fumar espontaneamente, sem esforço. Foi sempre assim. Eu até levo um maço de cigarro nas viagens, mas acabo não usando. Nem mesmo com pessoas fumando ao meu lado. Um amigo psiquiatra falou que deve ser porque eu estou fora da minha rotina, não sei...
Há um ano eu fiz dieta e perdi 35 quilos. Acho que parar de fumar é muito mais difícil do que parar de comer. Porque no regime, uma vez por semana, eu ainda posso tomar refrigerante ou comer alguma coisa que gosto bastante, mas que engorda. Com o cigarro, isso não acontece. Não dá para fumar só uma vez por semana... Sei que, por causa do cigarro, posso ter câncer de pulmão, entre outros problemas. Tenho muita disposição. Ando 8 km por dia, faço musculação três vezes por semana e nado pra caramba. Não tenho tosse nem pigarro. Preciso ter algum medo para parar de fumar. Mas não pode ser medo de morrer porque esse eu não tenho. Será que vai ser preciso ter uma pontinha de enfisema pulmonar para eu parar de fumar? Talvez." Eda Zanetti Guertzenstein, 49, fumante


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