São Paulo, quinta-feira, 01 de junho de 2000
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Anestesiologista

"Sempre gostei de fumar, mas é difícil explicar porquê. Fumo desde os 12. Quando entrei na faculdade, continuei fumando, sem maiores traumas. Não ficava com conflitos internos por ser médico e fumar. Isso só aconteceu mais tarde, quando tentei parar pela primeira vez, há dez anos. Na época, fumava dois maços e meio por dia, mas não tinha medo de ter doenças relacionadas ao cigarro.
Sem nenhuma ajuda, consegui ficar um ano sem cigarro. Subitamente, recomecei, mas voltei fumando menos, um maço por dia. Há uns três anos, reduzi mais ainda. Não porque perdi a vontade, mas porque faz mal. Só que também não vou entrar na neura. É bom fumar dez cigarros? Não, é melhor fumar zero. Mas fumar 10 é melhor do que fumar 20 ou 30. O que já estragou, estragou. Mas vou minimizar o mal fumando menos.
Você sabe que um dia vai morrer, mas procuro morrer numa boa. Não fico pensando que vou morrer de câncer. Não tenho certeza se vou morrer mais rápido por causa do cigarro. O que eu tenho são estatísticas. Posso morrer de outra coisa, um acidente de carro. Mas não induzo ninguém a fumar. Se me perguntam, eu até reforço os malefícios. Digo para meus pacientes não fumarem antes nem depois das cirurgias. Também acho importante propagandas que falam dos perigos para que os jovens não comecem a fumar. Porque a nicotina vicia."
Milton Roberto Lucchesi, 55, fumante.


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