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Malhação é abominada
Os bailarinos de verdade,
que rodopiam nas pontas
dos pés, são operários no
Brasil. "O país não precisa
dessa arte", diz a russa Eugenia Feodorova. Enquanto Carla Perez, a
pseudobailarina que ganhou notoriedade ao rebolar com o Tchan, fez um
patrimônio apreciável em
um ano (comprou um
apartamento em Salvador, uma casa e uma loja
para a mãe em São Paulo,
carro com motorista, roupas às dúzias etc.), Renée
Gumiel, aos 87 anos de vida e pelo menos 70 de
dança, não tem nem carro. É a pobreza de espírito
do país, diz a mestre Tatiana Leskova. "O Brasil
não tem estrutura nem
política para a grande arte
que é o balé." As companhias de dança não têm
apoio oficial e vivem lutando contra a falta de dinheiro.
Ismael Guiser fechou
duas escolas porque o número de alunos caiu de
2.500 para 250, ao mesmo
tempo em que as escolas
que ensinam o rebolado
do axé estão superlotadas.
"Qualquer cabeleireira
abre uma escola de balé",
diz Eugenia Feodorova.
A malhação, que os bailarinos de verdade abominam porque, segundo
eles, é contrária ao corpo,
também invadiu o território das grandes academias
de balé, num impiedoso
massacre à arte da dança,
que envolve música, imaginação, criatividade e
tem uma finalidade espiritual.
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