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Como é o ataque às auto-imunes
O tratamento mais moderno é
feito com drogas biológicas
-ou os chamados bloqueadores do TNF (fator de necrose tumoral, na sigla em inglês,
substância que, quando produzida pelo sistema imunológico desregulado, causa problemas de auto-imunidade).
Já disponível no Brasil, o medicamento tem se mostrado
eficaz contra artrite reumatóide e algumas doenças inflamatórias intestinais. "O único
problema é o custo, que é alto", diz o reumatologista e
imunologista Morton Scheinberg.
Há ainda uma variedade de
analgésicos, antiinflamatórios
e corticóides eficientes no controle da dor e das inflamações
e outras drogas que aumentam a qualidade de vida dos
pacientes. No caso de lúpus,
por exemplo, as mudanças foram radicais nos últimos dez
anos, aproximadamente. "A
mortalidade da doença, que
pode afetar pele, articulações,
coração e cérebro, hoje é menor que 5%. Além de compreender de forma mais clara
as complicações provocadas
pela doença, temos exames laboratoriais, antibióticos e anti-hipertensivos mais eficientes", diz Scheinberg.
Dependendo da doença, pode-se recorrer também aos
medicamentos moduladores,
que modificam a resposta
imunológica. Um exemplo de
sucesso é a substância cloroquina, eficiente para lúpus.
Há também os imunossupressores, que inibem a proliferação das células do sistema
imunológico que causam a
doença. São eficientes, porém
merecem atenção.
"Afinal não se pode bloquear totalmente a ação de células de defesa que podem ser
requisitadas para outras funções", diz a imunologista
Myrthes Toledo Barros, do
Hospital das Clínicas.
Mesmo os corticóides, que
em altas doses funcionam como imunossupressores, são
usados de forma criteriosa. A
longo prazo, podem provocar
catarata, diabetes, osteoporose e atrofia muscular, entre outros problemas. "Esse tipo de
droga, bastante usado para
psoríase, é considerado obsoleto. Os retinóides, derivados
da vitamina A, mostraram-se
melhores e livres de efeitos colaterais", diz o dermatologista
Cid Yazigi Sabbag.
Mas, para o futuro, a grande
boa nova pode estar nas células-tronco, como mostrou
uma experiência realizada na
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP. Segundo
o médico e coordenador do
estudo, Júlio César Voltarelli,
o objetivo da cirurgia é "desligar" o sistema de defesa defeituoso do organismo dos pacientes e refazê-lo por meio de
um transplante de células-tronco, que são capazes de assumir a função dos mais diversos tecidos. Dos 22 pacientes com lúpus e esclerose múltipla que se submeteram à técnica, 16 se recuperaram bem,
diz o pesquisador.
Como ainda é experimental,
os médicos não demonstram
tanto entusiasmo. Para
Scheinberg, que também testou a técnica em um paciente,
é preciso saber que o índice de
mortalidade é alto. Além disso, em sua opinião, como os
pacientes também recebem altas doses de imunossupressores no tratamento, ainda não
se sabe ao certo se o sucesso foi
cirúrgico ou clínico.
Por fim, é importante salientar que a ação dos grupos de
apoio, além de fisioterapia,
prática de exercícios físicos supervisionados e acupuntura,
são tratamentos complementares de sucesso. Aliás, no caso
de uma doença que gera tanta
insegurança no paciente, o
apoio da família e dos amigos
é muito valioso para a sua recuperação.
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