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São Paulo, quinta-feira, 05 de junho de 2003
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Ela consiste em um "pacote" de doenças que têm como origem a obesidade e que sempre foram tratadas separadamente

Síndrome X indica risco de problema no coração

GABRIELA SCHEINBERG
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Um de seus nomes pode levar as pessoas a acreditarem que se trata de uma doença típica da geração X -aquela formada pelos nascidos entre as décadas de 60 e 80 do século passado. A síndrome X, porém, pode atingir -e, indiretamente, até matar- adultos de todas as idades. Estima-se que, nos Estados Unidos, mais de 47 milhões tenham a síndrome. No Brasil, seriam aproximadamente 25 milhões (cerca de 7% do total da população).
A síndrome X, também conhecida como síndrome metabólica e síndrome da civilização urbana, é um "pacote" de vários fatores de risco já conhecidos para diabetes e doenças cardíacas potencialmente letais: resistência à insulina, obesidade, gordura abdominal, hipertensão e níveis elevados de "mau" colesterol (LDL) e triglicérides. "Portadores dessa síndrome têm um alto risco de ter infarto, angina ou derrame", diz o cardiologista Protasio Lemos da Luz, diretor da unidade clínica de aterosclerose do Incor (Instituto do Coração), de São Paulo. Segundo estudo publicado na revista científica "Journal of the American Medical Association", que avaliou 1.200 homens com idade entre 42 e 60 anos, os portadores da síndrome X correm um risco de três a quatro vezes maior de morrer de problemas cardíacos que os demais. Se a síndrome X já é preocupante agora, poderá ser um problema ainda mais grave no futuro, porque o número de portadores tende a aumentar. Pessoas cada vez mais jovens estão procurando os consultórios com problemas como pressão alta ou colesterol elevado. "Tudo começa com o ganho de peso e o acúmulo de gordura, principalmente na região abdominal. Isso pode acontecer até 25 anos antes da manifestação do diabetes", diz o endocrinologista Amélio de Godoy Matos, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Os fatores de risco que constituem a síndrome são velhos conhecidos dos especialistas, que os trataram isoladamente durante décadas. Nos últimos anos, porém, a medicina constatou que um fator geralmente está associado a outro. Segundo o endocrinologista Antonio Roberto Chacra, da Unifesp (SP), pode-se dizer que um fator de risco -a obesidade- gera os demais. Mais da metade da população americana está acima do peso, e um quarto é considerada obesa. Isso explicaria o número elevado de pessoas, naquele país, que têm a síndrome . "Quanto mais obesa a pessoa for, maior será a sua resistência à insulina, o que pode desencadear o diabetes tipo 2", afirma Chacra.

Avaliando riscos
Uma forma de avaliar o risco para a síndrome metabólica é calcular o IMC (índice de massa corpórea), obtido pela altura da pessoa dividida pelo seu peso ao quadrado. Valores acima de 30 são considerados de risco. Outro índice é o RCQ (relação cintura-quadril). Esse valor é calculado dividindo a medida da circunferência da cintura (na altura do umbigo) pela medida da circunferência do quadril. As mulheres com valores acima de 0,8 e os homens com mais de 1 devem consultar um médico.
E, quanto antes procurar ajuda médica, melhor, pois a síndrome pode ser prevenida principalmente com redução do peso e com mudanças no estilo de vida. Com a redução do peso, há uma melhora na pressão arterial e nas taxas de triglicérides e LDL. O emagrecimento também eleva a sensibilidade do corpo à insulina, revertendo um dos principais sintomas da síndrome. "A idéia é intervir antes que o paciente seja encaminhado a um cardiologista", diz Chacra. Luz, do Incor, concorda: "É preciso prevenir o problema antes que uma doença mais grave aconteça".


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