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Ela consiste em um "pacote" de doenças que têm como origem a obesidade e que sempre foram tratadas separadamente
Síndrome X indica risco de problema no coração
GABRIELA SCHEINBERG
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Um de seus nomes pode levar as pessoas a acreditarem que se trata de
uma doença típica da geração X -aquela formada pelos nascidos entre
as décadas de 60 e 80 do século passado. A síndrome X, porém, pode atingir
-e, indiretamente, até matar- adultos de todas as idades. Estima-se que,
nos Estados Unidos, mais de 47 milhões tenham a síndrome. No Brasil, seriam aproximadamente 25 milhões (cerca de 7% do total da população).
A síndrome X, também conhecida como síndrome metabólica e síndrome da
civilização urbana, é um "pacote" de vários fatores de risco já conhecidos para
diabetes e doenças cardíacas potencialmente letais: resistência à insulina, obesidade, gordura abdominal, hipertensão e
níveis elevados de "mau" colesterol
(LDL) e triglicérides.
"Portadores dessa síndrome têm um
alto risco de ter infarto, angina ou derrame", diz o cardiologista Protasio Lemos
da Luz, diretor da unidade clínica de aterosclerose do Incor (Instituto do Coração), de São Paulo. Segundo estudo publicado na revista científica "Journal of
the American Medical Association", que
avaliou 1.200 homens com idade entre 42
e 60 anos, os portadores da síndrome X
correm um risco de três a quatro vezes
maior de morrer de problemas cardíacos
que os demais.
Se a síndrome X já é preocupante agora, poderá ser um problema ainda mais
grave no futuro, porque o número de
portadores tende a aumentar. Pessoas cada vez mais jovens estão procurando os
consultórios com problemas como pressão alta ou colesterol elevado. "Tudo começa com o ganho de peso e o acúmulo
de gordura, principalmente na região abdominal. Isso pode acontecer até 25 anos
antes da manifestação do diabetes", diz o
endocrinologista Amélio de Godoy Matos, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
Os fatores de risco que constituem a
síndrome são velhos conhecidos dos especialistas, que os trataram isoladamente
durante décadas. Nos últimos anos, porém, a medicina constatou que um fator
geralmente está associado a outro.
Segundo o endocrinologista Antonio
Roberto Chacra, da Unifesp (SP), pode-se dizer que um fator de risco -a obesidade- gera os demais. Mais da metade
da população americana está acima do
peso, e um quarto é considerada obesa.
Isso explicaria o número elevado de pessoas, naquele país, que têm a síndrome .
"Quanto mais obesa a pessoa for, maior
será a sua resistência à insulina, o que
pode desencadear o diabetes tipo 2",
afirma Chacra.
Avaliando riscos
Uma forma de
avaliar o risco para a síndrome metabólica é calcular o IMC (índice de massa
corpórea), obtido pela altura da pessoa
dividida pelo seu peso ao quadrado. Valores acima de 30 são considerados de
risco. Outro índice é o RCQ (relação cintura-quadril). Esse valor é calculado dividindo a medida da circunferência da
cintura (na altura do umbigo) pela medida da circunferência do quadril. As
mulheres com valores acima de 0,8 e os
homens com mais de 1 devem consultar
um médico.
E, quanto antes procurar ajuda médica, melhor, pois a síndrome pode ser
prevenida principalmente com redução
do peso e com mudanças no estilo de vida. Com a redução do peso, há uma melhora na pressão arterial e nas taxas de
triglicérides e LDL. O emagrecimento
também eleva a sensibilidade do corpo à
insulina, revertendo um dos principais
sintomas da síndrome. "A idéia é intervir antes que o paciente seja encaminhado a um cardiologista", diz Chacra. Luz,
do Incor, concorda: "É preciso prevenir
o problema antes que uma doença mais
grave aconteça".
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