São Paulo, quinta-feira, 05 de dezembro de 2002 |
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Em todo o mundo, 15% das crianças com até dois anos sofrem de dermatite atópica, doença que provoca coceira e lesões na pele Remédio para dermatite pode ser usado em bebês FREE-LANCE PARA A FOLHA
Pele avermelhada, irritada ou ferida, e muita, muita coceira. Essas são as
incômodas características de uma crise de dermatite atópica, doença
que atinge 20% da população mundial e mais de 3,5 milhões de brasileiros.
Para tratá-la, começa a ser comercializado no Brasil um novo medicamento,
chamado Elidel, que promete mais eficácia e menos efeitos colaterais. Para
avaliar a eficácia do remédio, foi feita uma pesquisa com 1.805 voluntários em todo o mundo, inclusive no Brasil.
Em seis meses de tratamento, 68% dos
pacientes que receberam aplicações do
novo medicamento não apresentaram
sintomas da doença, contra 30% daqueles que usaram os remédios tradicionais.
Lançado nos Estados Unidos no início
deste ano, o novo medicamento, ao contrário de outros usados no tratamento da
dermatite atópica, não contém corticóide, substância que, quando aplicada nos
locais afetados pela doença, pode diminuir a espessura e alterar a coloração da
pele, além de provocar o aparecimento
de estrias e vasinhos.
Sem corticóide, o remédio pode ser
usado em locais onde a pele é mais fina,
como o rosto e o pescoço. Outro diferencial: é o único que pode ser usado em bebês a partir dos três meses de idade. Essa
indicação é importante, pois a dermatite
atópica pode se manifestar muito cedo.
Em todo o mundo, estima-se que 15%
das crianças com até dois anos de idade
tenham crises da doença.
A sua causa ainda é desconhecida. "Ela
afeta, geralmente, indivíduos com histórico pessoal ou familiar de doenças consideradas atópicas, como asma, rinite alérgica ou a própria dermatite", explica Roberto Takaoka, presidente da AADA (Associação de Apoio à Dermatite Atópica),
responsável pelo ambulatório de dermatologia atópica do Hospital das Clínicas
(SP) e que participou da pesquisa com o
novo remédio.
Quando ambos os pais são portadores
de uma dessas doenças, estima-se que o
risco de a criança ter dermatite chegue a
50%. "Mas cerca de 70% dos casos melhoram antes que a criança complete cinco anos", diz o médico.
Não há exame específico para o diagnóstico da dermatite atópica. "Há casos
em que a confundem com sarna", diz o
médico. Foi o que aconteceu com Mayara Aparecida Silva Santos, 10, que começou a ter sintomas da doença ainda bebê.
Sua mãe, Vanusa Aparecida da Silva, 33,
levou-a a vários médicos. "Uns falaram
que era alergia a chocolate, outros disseram que era sarna", conta. O diagnóstico
correto só foi feito em janeiro deste ano.
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