UOL


São Paulo, quinta-feira, 06 de março de 2003
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Especialistas são contra a obrigatoriedade dos cursos extracurriculares clássicos e pregam a educação com prazer

Cursos fogem dos temas clássicos e educam

Divulgação
Aula de foguete no Planetário Mundo Espacial; abaixo, alunos no curso de grafite; na página ao lado, meninas em cena durante aula de teatro


FREE-LANCE PARA A FOLHA

"São os saberes não-convencionais que nos enchem de alegria", diz o educador e colunista da Folha Rubem Alves a respeito dos cursos extracurriculares oferecidos para crianças e adolescentes que o Equilíbrio traz aqui e nas duas próximas páginas. Aula de foguete, arco-e-flecha e marchetaria são algumas dessas atividades curiosas, porém pouco conhecidas. A proposta não é eliminar da agenda do jovem os cursos clássicos, como idiomas, informática, dança e futebol, mas eles não precisam reinar. "Poucas meninas que fazem balé serão bailarinas, assim como quase ninguém vai ser jogador de futebol", afirma o pedagogo Silvio Bock. Os cursos não devem ser impostos à criança, mesmo os considerados essenciais para o futuro profissional. "É ilusão dos pais achar que precisam treinar seus filhos para serem competitivos. Por que não trocar o inglês por aulas de mergulho? Se a pessoa quiser aprender a língua, depois fará uma imersão cultural", diz Júlio Aquino, professor da Faculdade de Educação da USP. Para ele, atividades diferentes podem e devem ser estimuladas, porque levam os jovens a enxergar outras oportunidades, além da carreira universitária. "Nos Estados Unidos, nem 50% dos jovens vão ao ensino superior por escolha própria. Preferem culinária ou jardinagem, por exemplo", afirma.
É sabido que lotar a agenda dos filhos é condenável, mas nunca é demais lembrar. "Basta uma atividade bem-feita", diz Aquino. E é importante que ela se divirta. Mas também não vale matricular a criança numa aula de teatro esperando, na verdade, descobrir um grande talento. "Ludo quer dizer brincar, e toda atividade com caráter lúdico traz como benefício a formação do caráter", diz a educadora Ana Maria Freire. Aliás, para ela, os filhos é que devem escolher seus cursos. "Somente errando, mudando e decidindo eles vão firmar sua personalidade."
Betânia Tanuri, da Fundação Dom Cabral, lembra que os pais só não podem abrir mão do que consideram "inegociável". Definam as suas prioridades e negociem o restante com os filhos. (KATIA DEUTNER E GUSTAVO PRUDENTE)


Texto Anterior: Capa 06.03
Próximo Texto: Cursos
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.