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Investir na qualidade de vida dos empregados reduz gasto com doenças e com treinamento e aumenta a produtividade
Funcionário saudável traz ganho certo
Tim Simmons/Tony Stone
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Funcionários de empresas modernas ganham academia de ginástica, massagem e orientação nutricional |
DANIELA FALCÃO
EDITORA-ASSISTENTE DO EQUILÍBRIO
FLÁVIA DU CHENOY
FREE-LANCER PARA A FOLHA
Sempre que era obrigado a deixar sua mesa para buscar alguma ferramenta em
outro setor da fábrica, Maurício Araújo, 41, tinha um ataque de nervos. "Eu
saía xingando todo mundo, ficava muito nervoso, perdia o humor e não tinha mais saco para fazer nada", conta. Não era para menos: a falta de agilidade dos seus 106 kg distribuídos por 1,68 m de altura transformava qualquer deslocamento em suplício. Preocupado com a saúde, passou a andar no horário do almoço pelo pátio dos Laboratórios Pfizer, em Guarulhos, onde trabalha como instrumentista.
Outros gordinhos se juntaram a ele, e o movimento
cresceu, exigindo a presença de um professor de educação física para dar orientação. O pedido foi feito à gerência de recursos humanos, e assim surgia, em outubro de
98, o programa Saúde Total. Hoje, ele reúne até 120 dos
550 funcionários para fazer aeróbica, musculação, dança de salão e caminhadas três vezes por semana. Araújo
perdeu 16 kg e virou modelo de bom humor e disposição. Sua mudança física e de comportamento é o exemplo de lucro conquistado por empresas que investem na
boa forma e no bem-estar dos funcionários.
Redução no número de faltas por doenças evitáveis e
dos gastos com tratamento médico são apenas a ponta
do iceberg das vantagens. Menos óbvio, mas igualmente
lucrativo é o aumento de produtividade. "A empresa ganha porque os funcionários ficam mais motivados, integrados e comprometidos com o trabalho, fazendo tudo
com mais afinco", diz Rose Yonamine, gerente da multinacional farmacêutica Merck Sharp & Dohme.
Outra vantagem que repercute no bolso do patrão é a
queda na rotatividade. "Quem está satisfeito não deixa a
empresa. Economizamos porque não precisamos gastar
com treinamento dos substitutos", diz Yonamine.
Os programas de qualidade de vida ainda se concentram nas multinacionais, como as farmacêuticas Merck
e Pfizer, a química DuPont, a tecnológica Xerox e a cosmética Avon. Alguns grupos nacionais, como Pão de
Açúcar, Natura e São Geraldo, dão exemplo por aqui.
Os ganhos já são comprovados na ponta do lápis. Pesquisa da DuPont constatou que, para cada US$ 1 investido em cuidados com a saúde dos empregados, a empresa lucrava o dobro: US$ 2.
Uma das líderes de transporte rodoviário, a São Geraldo conseguiu reduzir em 40% os acidentes de trânsito
evitáveis desde que estendeu aos 1.400 condutores o
programa de condicionamento físico -miniacademias
em filiais de 20 Estados e aulas que ensinam a comer
bem em restaurante de beira de estrada.
Há empresas ainda mais arrojadas. Além de condicionamento físico e orientação nutricional, incluem no cardápio massagem, controle de estresse e recreação. Mas a
maioria das companhias ouvidas pela Folha se limita à
ginástica laboral (exercícios físicos feitos no local de trabalho para corrigir vícios posturais e prevenir doenças
ocupacionais). Ainda assim, estão poupando e muito.
Os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Dort) afastaram das empresas nos últimos cinco
anos 535.434 empregados, sem contar os que ainda brigam na Justiça para provar que a doença é fruto do trabalho. A maioria deles, no auge da produtividade, entre
30 e 40 anos.
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